quinta-feira, 7 de abril de 2011

A MAIOR DESEVANGELIZAÇÃO DO PAÍS - Por Pr. Luiz Fernando R Souza

As práticas de certos comportamentos e crenças no meio evangélico brasileiro apontam para uma doença crônica. Essa doença alastra-se chegando, na linguagem médica, a quase uma metástase óssea. Esse quadro é preocupante, para não dizer desesperador, pois, quando comportamentos e crenças viram tendências quase nada se pode fazer para reverter seus efeitos deletérios. A continuação dessa práxis religiosa tornar-se-á, historicamente, o fator mais decisivo para a maior desevangelizção do país. Tudo aquilo pelo que nossos antecessores lutaram e morreram terá sido em vão. Quando digo que essa práxis será fator decisivo para a maior desevangelização do país é porque ela está empurrando a classe media reflexiva, os intelectuais, e todos os que buscam uma fé ou uma filosofia que almeja pelo transcendente ou por paz na alma, para os braços das religiões orientais ou outras filosofias que oferecem um caminho para a pacificação do ser. Isto pode se dar pelos diversos meios propalados por tais crenças como: meditação, yoga, diversos mantras, interação corpo e mente/alma, contemplação interior etc. E isto já ocorre e não havendo mudanças drásticas/profundas evoluirá em larga escala.
A irrelevância adquirida pelos evangélicos no Brasil é espantosa, haja vista, nas grandes questões sociais a igreja não ser procurada para emitir suas opiniões. Para nossa vergonha e surpresa a psicologia ou os psicólogos estão ocupando os acentos e emitindo opiniões que deveriam ser da igreja e seus representantes, ou seja, a igreja não é vista como relevante para sociedade. Os enxertos de práticas esdrúxulas em nossas liturgias, a imitação de comportamentos e vocabulários mundanos em nossos cultos, somente afastam toda uma gama social que não busca tais coisas, pois, ainda estão preocupadas com as grandes questões da vida. Buscam respostas que pacifiquem os interiores vazios cheios dos vazios do mundo. A igreja vem oferecendo a ocuidade de um evangelho totalmente descaracterizado para este grande vazio do homem moderno. Os próprios evangélicos já buscam alternativas para esta crise existencial que grassa em seu meio. Abandonam igrejas históricas ou pentecostais e abraçam comunidades alternativas onde pensam encontrar o puro evangelho. Mas acabam caindo nas malhas de doutrinas espúrias ou líderes que se dizem messiânicos e redentores
Vivemos momentos existências que as diferenciações tendem a cair por terra. A pluralidade e a tolerância são as grandes marcas de nosso tempo. O exclusivismo perde força. Mas a mensagem do Evangelho é puramente exclusiva e é nisso que encontra sua força motriz na sociedade. Oferecer o que todos oferecem nada significa. Cristo, em sua própria constituição teantrópica, é totalmente exclusivo. Mas você pode perguntar: os evangélicos não crescem no Brasil? Sim, os evangélicos continuarão a crescer, especialmente fazendo o contraponto aos cultos afro-ameríndios, encontrando nos Neopentecostais a versão gospel da macumba, tendo como conteúdo e sistemas os mesmos adotados por esta religião. As bênçãos oferecidas trilham os mesmos caminhos e conceitos, ou seja, barganha com a divindade e bênçãos com os mesmos conteúdos e naturezas peculiares à macumba; trazer a pessoa amada de volta, conseguir empregos, prosperidade material, separar amantes e todos os fetiches oferecidos pelas religiões afro-ameríndias. No entanto, assim como já não conseguem, afastar-se-ão e deixarão completamente de ter a capacidade de alcançar os que buscam, sentem e pensam com categorias existenciais mais elaboradas.
Ora, isto está acontecendo porque os evangélicos não têm mensagem para a alma, nem para a paz interior, visto que, eles próprios, em geral, estão desassossegados e inquietos interiormente, muitas vezes manifestando comportamentos totalmente avessos ao Evangelho de Cristo. Alguns, que se dizem pastores, estão entrando em chiqueiros e comparando cristãos a porcos prometendo tirá-los de lá na sexta feira forte. Os mesmos entram na lama ofertando libertação da lama financeira, familiar etc. Cristãos que estão bêbados com profecias, revelações estapafúrdias, que preferem crer na palavra do profeta ou da profetiza do que na Palavra de Deus, manifestam distúrbios emocionais e espirituais terríveis. Mas acima dessas bizarrices gospel que nada dizem ou promovem, a não ser o descrédito do Evangelho, aprofundam o abismo entre a Palavra e o homem. O orgulho, a busca desenfreada por dinheiro, o culto à vaidade, o tratar a igreja como segmento de mercado, a vangloria, a fama, o culto à imagem e à estética preterindo a ética, a superficialidade de vida e pensamento, as divisões, os ciúmes, a picaretagem, o formalismo, a fixação em controlar as pessoas, as jogadas políticas, as negociatas envolvendo venda e compra de votos e a grotesca hipocrisia, tornaram os evangélicos repugnantes para aqueles que buscam pacificar suas guerras e fobias interiores. Isso é até repugnante para evangélicos mais sensíveis ao Cristo da Palavra.
Fico a me perguntar: Qual Cristo é pregado pela igreja? O curador? O destruidor de demônios? O Cristo eclético e pluralista?
Doí na alma saber que aquilo que pode pacificar o homem e lhe comunicar salvação está sendo deixado de lado. Doí saber que a igreja tem trocado o Senhor e Salvador Jesus Cristo por um Cristo genérico, light, desprovido de conteúdo e irrelevante. Se não ocorrer tremenda metanoia (arrependimento), a igreja terá sucumbido diante das artimanhas do diabo. Se não houver arrependimento por parte das lideranças eclesiásticas e uma volta consciente dos cristãos ao puro Evangelho, não teremos mais Evangelho a ser pregado, mas teremos outros evangelhos como o da prosperidade, da fama, dos pseudos e pequenos/anões artistas gospel, teremos o evangelho que oferece um lar aqui neste mundo e que sacrifica a eternidade no altar de Mamon, teremos um evangelho que imbeciliza e idiotiza o homem, que pratica magia e tem como recompensa as coisas desta vida.
Precisamos quebrar estas amarras doutrinárias, comportamentais e litúrgicas e fazermos um mergulho radical nas doutrinas da graça e dai emergirmos com um novo e renovado sentido profético para uma sociedade que se perde por não ter uma mensagem salvadora que preencha o grande vazio existencial e lhe comunique objetividade na vida.
A igreja precisa urgentemente imiscuir-se na sociedade e lhe proporcionar sabor e luminosidade.
Quem já provou do Evangelho salvador, imutável e transformador está pronto para levantar a bandeira do Salvador. Evangelho eterno que anuncia uma reconciliação praticada e consumada, inquebrantável e visceral que pronuncia a Paz para pacificar corações e mentes.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza