ESTUDOS BÍBLICOS

        O PECADO

Está escrito que Deus, ao completar a obra da criação, declarou que tudo era "muito bom". Observando, mesmo ligeiramente, chegamos à convicção de que muitas coisas que agora existem não são boas — o mal, a impiedade, a opressão, a luta, a guerra, a morte, e o sofrimento. E naturalmente surge a pergunta: Como entrou o mal no mundo? — pergunta que tem deixado perplexos muitos pensadores. A Bíblia oferece a resposta de Deus; ainda mais, informa-nos o que o pecado realmente é; melhor ainda, apresenta-nos o remédio para o pecado.

I. O fato do pecado

Não há necessidade de discutir a questão da realidade do pecado; a história e o próprio conhecimento intimo do homem oferecem abundante testemunho do fato. Muitas teorias, porém, apareceram para negar, desculpar, ou diminuir a natureza do pecado.

1. O ateísmo, ao negar a Deus, nega também o pecado, porque, estritamente falando, todo pecado é contra Deus; e se não há Deus, não há pecado. O homem pode ser culpado de pecar em relação a outros; pode pecar contra si mesmo, porém estas coisas constituem pecado unicamente em relação a Deus. Enfim, todo mal praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma violação do direito, e o direito é a lei de Deus. "Pequei contra o céu e perante ti", exclamou o pródigo. Portanto, o homem necessita do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.

2. O determinismo é a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma ilusão e não uma realidade. Nós imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas opções são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escaparam ao nosso domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece estar livre, porém se esvai por leis inexoráveis. Sendo assim — continua essa teoria, — uma pessoa não pode deixar de atuar da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada por ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo das circunstâncias. Mas as Escrituras afirmam terminantemente que o homem é livre para escolher entre o bem e o mal — uma liberdade implícita em todos os mandamentos e exortações. Longe de ser vítima da fatalidade e casualidade, declara-se que o homem é o árbitro do seu próprio destino. Durante uma discussão sobre a questão do livre arbítrio, o Dr. Johnson, notável autor e erudito inglês, declarou: "Cavalheiro, sabemos que nossa vontade é livre, e isto é tudo que há no assunto!" Cada grama de bom senso excede em peso a uma tonelada de filosofia! Uma conseqüência prática do determinismo é tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado. Porém, a voz da consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria. Recentemente, um homicida de dezessete anos recusou-se a alegar loucura. Seu crime era indesculpável, ele declarou, porque sabia que o havia cometido conscientemente, apesar dos ensinos que recebera dos pais e na Escola Dominical. Desse modo, insistiu que fosse cumprida a pena capital. Jovem como era, e diante da morte, recusou enganar-se a si mesmo.

3. O hedonismo (da palavra grega que significa "prazer") é a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta que se faz não é: "Isto e correto?", mas: "Traz prazer?" Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com designações tais como estas: "é uma fraqueza inofensiva"; "é pequeno desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo da juventude". Eles desculpam o pecado com expressões como estas: "Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é direito." é sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "auto-expressão". Em linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à saúde". Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência similar. No fundo dessa teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado. Representa uma variação moderna da mentira antiga: "Certamente não morrerás." E muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum." O bem é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra. A admoestação divina àqueles que procuram confundir as distinções morais, é: "Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem mal"

4. Ciência Cristã. Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o pecado tenha existência real e afirmam que é apenas um "erro da mente moral". O homem pensa que o pecado é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de correção. Mas, depois de examinar o pecado e a ruína que são mais do que reais no mundo, parece que esse tal "erro da mente mortal" é tão terrível como aquilo que toda gente conhece por "pecado"! As Escrituras denunciam o pecado como uma violação positiva da lei de Deus, como uma verdadeira ofensa que merece castigo real num inferno real.

5. A evolução considera o pecado como herança do animalismo primitivo do homem. Desse modo em lugar de exortar a gente a deixar o "homem velho", ou o "antigo Adão", os proponentes dessa teoria deviam admoestá-los a que deixassem o "velho macaco" ou o "velho tigre"! Como já vimos, a teoria da evolução é antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles vivem segundo sua natureza, e não experimentam nenhum sentido de culpa por seu comportamento. O Dr. Leander Keyser comenta: "Se a luta egoísta e sangrenta pela existência no reino animal for o método de progresso que trouxe o homem à existência, por que deverá ser um mal que o homem continue nessa rota sangrenta?" É certo que o homem tem uma natureza física, porém essa parte inferior de seu ser foi criação de Deus, e é plano de Deus que esteja sujeita a uma inteligência divinamente iluminada.

II. A origem do pecado

O terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves que caracterizam a história espiritual do homem, as quais são: A tentação, a culpa, o juízo e a redenção.

1. A tentação: sua possibilidade, origem e sutileza.

(a) A possibilidade da tentação. O segundo capítulo de Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca do primeiro lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no Éden, as duas árvores, e o primeiro matrimônio. Menciona especialmente as duas árvores do destino — a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Essas duas árvores constituem um sermão em forma de quadro dizendo constantemente a nossos primeiros pais: "Se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a vida." E não é esta realmente a essência do Caminho da Vida encontrada através das Escrituras? (Vide Deut. 30:15.) Notemos a árvore proibida. Por que foi colocada ali? Para prover um teste pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o homem teria sido meramente uma máquina.

(b) A origem da tentação. "Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito." É razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido uma criatura formosa, foi o agente empregado por Satanás, o qual já tinha sido lançado fora do céu antes da criação do homem. (Ezeq. 23:13-17; Isa. 14:12-15.) Por essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o diabo" (Apoc. 12:9). Geralmente Satanás trabalha por meio de agentes. Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu Mestre da senda do dever, Jesus olhou além de Pedro, e disse, "Para trás de mim, Satanás" (Mat. 16:22,23). Neste caso Satanás trabalhou por meio de um dos amigos de Jesus; no Éden empregou a serpente, uma criatura da qual Eva não desconfiava.

(c) A sutileza da tentação. A sutileza é mencionada como característica distintiva da serpente. (Vide Mat. 10:16.) Com grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas, abrem caminho a desejos e atos pecaminosos. Ela começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina. (Gên. 2:16, 17.) E ela espera até que Eva esteja só. Note-se a astúcia na aproximação. Ela torce as palavras de Deus (Vide Gén. 3:1 e 2:16, 17) e então finge surpresa por estarem assim torcidas; dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e suspeitas no coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal proibição. Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de Deus.

1) Dúvida sobre a bondade de Deus. Ela diz, com efeito: "Deus está retendo alguma bênção de ti."

2) Dúvida sobre a retidão de Deus. "Certamente não morrereis." Isto é, "Deus não pretendia dizer o que disse".

3) Dúvida sobre a santidade de Deus. No versículo 5 a serpente diz, com efeito: "Deus vos proibiu comer da árvore porque tem inveja de vos. Não quer que chegueis a ser sábios tanto quanto ele, de modo que vos mantém em ignorância. Não é porque ele se interesse por vós, para salvar-vos da morte, e sim por interesse dele, para impedir que chegueis a ser semelhantes a ele."

2. A Culpa.

Notemos as evidências de uma consciência culpada:

1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus." Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino. (Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.) As palavras da serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a Deus, experimentaram um miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de Deus. Notemos que a nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições. Alguns comentadores sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com Deus e do domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito (Rom. 7:14-24), que tem sido a causa de tanta miséria.

2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais." Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a procurar cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado (Verso 21).

3) "E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim." O instinto do homem culpado é fugir de Deus. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e em outras atividades.

3. O juízo.

(a) Sobre a serpente. "Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida." Essas palavras implicam que a serpente outrora foi uma criatura formosa e honrada. Depois, porque veio a ser o instrumento para a queda do homem, tomou-se maldita e degradada na escala da criação animal. Uma vez que a serpente foi simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser punida? Porque é a vontade de Deus fazer da maldição da serpente um tipo e profecia da maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do mal. O homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente, como a maldição de Deus ferirá todo pecado e maldade; arrastando-se no pó recordaria ao homem o dia em que Deus derribará até ao pó, o poder do diabo. Isso é um estimulo para o homem: ele, o tentado, está em pé, erguido, enquanto a serpente está sob a maldição. Pela graça de Deus o homem pode ferir-lhe a cabeça — pode vencer o mal. (Vide Luc. 10:18; Rom. 16:20; Apoc. 12:9; 20:1-3, 10.)

(b) Sobre a mulher. "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor terás filhos; e o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará" (Gên. 3:16). Assim disse certo escritor: A presença do pecado tem sido a causa de muito sofrimento, precisamente do modo indicado acima. Não há dúvida que dar à luz filhos constitui um momento critico e penoso na vida da mulher. O sentimento de faltas passadas pesa de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade e loucura do homem contribuíram para fazer o processo mais doloroso e perigoso para a mulher do que para os animais. O pecado tem corrompido todas as relações da vida, e mui particularmente a relação matrimonial. Em muitos países a mulher é praticamente escrava do homem; a posição e a condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm sido um fato horrível em cumprimento dessa maldição.

(c) Sobre o homem. (Versos 17-19.) O trabalho para o homem já tinha sido designado (2:15). O castigo consiste no afã, nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o trabalho. A agricultura é especificada em particular, porque sempre tem sido um dos empregos humanos mais necessários. De alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral têm participado da maldição e da queda do seu senhor (o homem) porém estão destinadas a participar da sua redenção. Este é o pensamento de Rom. 8:19-23. Em Isaias 11:1-9 e 65:17-25, temos exemplos de versículos que predizem a remoção da maldição da terra durante o Milênio. Além da maldição física que se apossou da terra, também é certo que o capricho e o pecado humanos têm dificultado de muitas maneiras o labor e provocado as condições de trabalho mais difíceis e mais duras para o homem. Notemos a pena de morte. "Porquanto és pó, e em pó te tornarás." O homem foi criado capaz de não morrer fisicamente; teria existência física indefinidamente se tivesse preservado sua inocência e continuasse a comer da árvore da vida. Ainda que volte à comunhão com Deus (e dessa maneira vença a morte espiritual) por meio do arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar ao seu Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da pena do pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição do corpo, (1 Cor. 15:54-57.) não obstante, certas pessoas, como Enoque, terão o privilégio de escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1 Cor. 15:51.)

4. A redenção.

Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três revelações de Deus, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações de Deus com o homem. O Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1), o Deus do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2); o Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).

(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.) (1) A serpente procurou fazer aliança com Eva contra Deus, mas Deus por fim a essa aliança. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente (descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda. (2) Qual será o resultado desse conflito? Primeiro, vitória para a humanidade, por meio do Representante do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça." Cristo, a Semente da mulher, veio ao mundo para esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál. 4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1 João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10.) (3) Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o calcanhar." No Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Vide Isa. 53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João 12:31-33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)

(b) Prefigurada. (Verso 21.) Deus matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.

III. A natureza do pecado

Que é pecado? A Bíblia usa uma variedade de termos para expressar o mal de ordem moral, os quais nos explicam algo de sua natureza.

Um estudo desses termos, nos originais hebraico e grego, proporcionará a definição bíblica do pecado.

1. O ensino do Antigo Testamento.

O pecado considerado — As diferentes palavras hebraicas descrevem o pecado operando nas seguintes esferas: (*)

(a) Na esfera moral. As palavras usadas para expressar o pecado nesta esfera são as seguintes:

1) A palavra mais comumente usada para o pecado significa "errar o alvo". Reúne as seguintes idéias: (1) Errar o alvo, como um arqueiro que atira mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo final da vida. (2) Errar o caminho, como um viajante que sai do caminho certo. (3) Ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus. Em Gên. 4:7, onde a palavra é mencionada pela primeira vez, o pecado é personificado como uma besta feroz pronta para lançar-se sobre quem lhe der ocasião.

2) Outra palavra significa literalmente "tortuosidade", e é muitas vezes traduzida por "perversidade". É, pois, o contrário de retidão, que significa literalmente, o que é reto ou conforme um ideal reto.

3) Outra expressão comum que se traduz por "mal", exprime o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem que infringe ou viola a lei de Deus.

(b) Na esfera da conduta fraternal. A palavra usada para determinar o pecado nesta esfera, significa violência ou conduta injuriosa. (Gên. 6:11; Ezeq. 7:23; Prov. 16:29.) Ao excluir a restrição da lei, o homem maltrata e oprime seus semelhantes.

(c) Na esfera da santidade. As palavras usadas para descrever o pecado nesta esfera implicam que o ofensor usufruiu da relação com Deus. Toda a nação israelita foi constituída em "um reino de sacerdotes", cada membro considerado como estando em contato com Deus e seu santo tabernáculo. Portanto, cada israelita era santo, isto é, separado para Deus, e toda a atividade e esfera de sua vida estavam reguladas pela Lei da Santidade. As coisas fora dessa lei eram "profanas" (o contrário de santas), e o que participava delas se tornava "imundo" ou contaminado. (Lev. 11:24, 27, 31, 33, 39.) Se persistisse na profanação, era considerada uma pessoa irreligiosa ou profana. (Lev. 21:14; Heb. 12:16.) Se acaso se rebelasse e deliberadamente repudiasse a jurisdição da lei da santidade, era considerado "transgressor". (Sal. 37:38; 51:13; Isa. 53:12.) Se prosseguia neste último caminho, era julgado como criminoso, e tais eram os publicanos, na opinião dos contemporâneos do nosso Senhor Jesus.

(d) Na esfera da verdade. As palavras que descrevem o pecado nesta esfera dão ênfase ao inútil e fraudulento elemento do pecado. Os pecadores falam e tratam falsamente (Sal. 58:3; Isa. 28:15), representam falsamente e dão falso testemunho (Êxo. 20:16; Sal. 119:128; Prov. 19:5, 9). Tal atividade é "vaidade" (Sal. 12:2; 24:4; 41:6), isto é, vazia e sem valor. O primeiro pecador foi um mentiroso (João 8:44); o primeiro pecado começou com uma mentira (Gên. 3:4); e todo pecado contém o elemento do engano (Heb. 3:13).

(e) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância.

1) Muitas exortações são dirigidas aos "simples" (Prov. 1:4, 22; 8:5). Essa palavra descreve o homem natural, que não se desenvolveu, quer na direção do bem, quer do mal; sem princípios fixos, mas com uma inclinação natural para o mal, a qual pode ser usada a fim de seduzi-lo. Falta-lhe firmeza e fundamento moral; ele ouve mas esquece; portanto, é facilmente conduzido ao pecado. (Vide Mat. 7:26.)

2) Muitas vezes lemos acerca desses "faltos de entendimento" (Prov. 7:7; 9:4), isto é, aqueles que por falta de entendimento, mais do que por propensão pecaminosa, são vitimas do pecado. Faltos de sabedoria, são conduzidos a expressar precipitados juízos acerca da providência divina e das coisas além da sua compreensão. Desse modo precipitam-se na impiedade. Tanto essa classe, como os "simples", são indesculpáveis porque as Escrituras apresentam o Senhor oferecendo gratuitamente — sim, rogando-lhes que aceitem (Prov. 8:1-10) — aquilo que os fará sábios para a salvação.

3) A palavra freqüentemente traduzida "insensato" (Prov. 15:20), descreve uma pessoa capaz de fazer o bem, contudo está presa às coisas da carne e facilmente é conduzida ao pecado pelas suas inclinações carnais. Não se disciplina a si mesma nem guia as suas tendências de acordo com as leis divinas.

4) O "escarnecedor" (Sal. 1:1; Prov. 14:6) é o homem ímpio que justifica sua impiedade com argumentos racionais contra a existência ou realidade de Deus, e contra as coisas espirituais em geral. Assim, "escarnecedor" é a palavra do Antigo Testamento equivalente à nossa moderna palavra "infiel", e a expressão "roda dos escarnecedores" provavelmente se refere à sociedade local dos infiéis.

2. O ensino do Novo Testamento.

O Novo Testamento descreve o pecado como:

(a) Errar o alvo, que expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do Antigo Testamento.

(b) Dívida. (Mat. 6:12.) O homem deve (a palavra "deve" vem de dívida) a Deus a guarda dos seus mandamentos; todo pecado cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.

(c) Desordem. "O pecado é iniqüidade" (literalmente "desordem", 1 João 3:4). O pecador é um rebelde e um idólatra porque deliberadamente quebra um mandamento, ao escolher sua própria vontade em vez de escolher a vontade de Deus; pior ainda, está se convertendo em lei para si mesmo e, dessa maneira, fazendo do eu uma divindade. O pecado começou no coração daquele exaltado anjo que disse: "Eu farei", em oposição à vontade de Deus. (Isa. 14:13, 14). O anticristo é proeminentemente "o sem-lei" (tradução literal de "iníquo"), porque se exalta a si mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado Deus. (2 Tess. 2:4-9.) O pecado é essencialmente obstinação e obstinação é essencialmente pecado. O pecado destronaria a Deus; o pecado assassinaria Deus. Na Cruz do Filho de Deus, poderiam ter sido escritas estas palavras: "O pecado fez isto!"

(d) Desobediência, literalmente, "ouvir mal"; ouvir com falta de atenção. (Heb. 2:2.) "Vede pois como ouvis" (Luc. 8:18.)

(e) Transgressão, literalmente, "ir além do limite" (Rom. 4:15). Os mandamentos de Deus são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para sua alma.

(f) Queda, ou falta, ou cair para um lado (Efés. 1:7) no grego, donde a conhecida expressão, cair no pecado. Pecar é cair de um padrão de conduta.

(g) Derrota é o significado literal da palavra "queda" em Rom. 11:12. Ao rejeitar a Cristo, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de Deus.

(h) Impiedade, de uma palavra que significa "sem adoração, ou reverência". (Rom. 1:18; 2 Tim. 2:16.) O homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a Deus e às coisas sagradas. Estas não produzem nele nenhum sentimento de temor e reverência. Ele está sem Deus porque não quer saber de Deus.

(i) O erro (Heb. 9:7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente decide fazer o mal, incorre em maior grau de culpa do que aquele que é apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.

IV. Conseqüências do pecado

O pecado é tanto um ato como um estado. Como rebelião contra a lei de Deus, é um ato da vontade do homem; como separação de Deus, vem a ser um estado pecaminoso. Segue-se uma dupla conseqüência: o pecador traz o mal sobre si mesmo por suas más ações, e incorre em culpa aos olhos de Deus. Duas coisas, portanto, devem distinguir-se; as más conseqüências que seguem os atos do pecado, e o castigo que virá no juízo. Isto pode ser ilustrado da seguinte maneira: Um pai proíbe ao filho pequeno o fumar cigarros, e fá-lo ver uma dupla conseqüência: primeira, o fumar fá-lo-á sentir-se doente; segunda, ser castigado pela sua desobediência. O menino desobedece e fuma pela primeira vez. As náuseas que lhe sobrevêm representam as más conseqüências do seu pecado, e o castigo corporal subseqüente representa o castigo positivo pela culpa. Da mesma maneira as Escrituras descrevem dois efeitos do pecado sobre o culpado: primeiro, é seguido por conseqüências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o positivo decreto de condenação.

1. Fraqueza espiritual.

(a) Desfiguração da imagem divina. O homem não perdeu completamente a imagem divina, porque ainda em sua posição decaída é considerado uma criatura à imagem de Deus (Gên. 9:6; Tia. 3:9) — uma verdade expressa no provérbio popular: "Há algo de bom no pior dos homens." Maudesley, o grande psiquiatra inglês, sustenta que a majestade inerente da mente humana evidencia-se até mesmo na ruína causada pela loucura. Apesar de não estar inteiramente perdida, a imagem divina no homem encontra-se muito desfigurada. Jesus Cristo veio ao mundo tornar possível ao homem a recuperação completa da semelhança divina por ser recriado à imagem de Deus. (Gál. 3:10.)

(b) Pecado inerente, ou "pecado original". O efeito da queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu a seus descendentes a tendência ou inclinação para pecar. (Sal. 51:5.) Esse impedimento espiritual e moral, sob o qual os homens nascem, é conhecido como pecado original. Os atos pecaminosos que se seguem durante a idade de plena responsabilidade do homem são conhecidos como "pecado atual". Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os efeitos da queda. (Rom. 5:12-21.) Esta condição moral da alma é descrita de muitas maneiras: todos pecaram (Rom. 3:9); todos estão debaixo da maldição (Gál. 3:10); o homem natural é estranho às coisas de Deus (1 Cor. 2:14); o coração natural é enganoso e perverso (Jer. 17:9); a natureza mental e moral é corrupta (Gên. 6:5, 12; 8:21; Rom. 1:19-31); a mente carnal é inimizade contra Deus (Rom. 8:7, 8); o pecador é escravo do pecado (Rom. 6:17; 7:5); é controlado pelo príncipe das potestades do ar (Efés. 2:2); está morto em ofensas e pecados (Efés. 2:1); e é filho da ira (Efés. 2:3).

(c) Discórdia interna. No princípio Deus fez o corpo do homem do pó, dotando-o, desse modo, de uma natureza física ou inferior; depois soprou em seu nariz o fôlego da vida, comunicando-lhe assim uma natureza mais elevada, unindo-o a Deus. Era o propósito de Deus a harmonia do ser humano, ter o corpo subordinado à alma. Mas o pecado interrompeu a relação de tal maneira que o homem se encontrou dividido em si mesmo; o "eu" oposto ao "eu" em uma guerra entre a natureza superior e a inferior. Sua natureza inferior, frágil em si mesma, rebelou-se contra a superior e abriu as portas de seu ser ao inimigo. Na intensidade do conflito, o homem exclama: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" (Rom. 7:24.) O "Deus de paz" (1 Tess. 5:23) subjuga os elementos beligerantes da natureza do homem e santifica-o no espírito, alma e corpo. O resultado é a bem-aventurança interna — "justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rom. 14:17).

2. Castigo positivo.

"No dia em que dela comeres certamente morrerás" (Gên. 2:17) "O salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23). O homem foi criado capaz de viver eternamente; isto é, não morreria se obedecesse à lei de Deus. Para que pudesse "lançar mão" da imortalidade e da vida eterna, foi colocado sob um pacto de obras, figurado pelas duas árvores — a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida. Desse modo, a vida estava condicionada à obediência; enquanto Adão observasse a lei da vida teria direito à árvore da vida. Mas desobedeceu; quebrou o pacto de vida, e ficou separado de Deus, a Fonte da vida. Desde esse momento, teve a morte o seu inicio e foi consumada na morte física com a separação da alma e do corpo. Mas notamos que o castigo incluía mais do que uma morte física; a dissolução física era uma indicação do desagrado de Deus, do fato que o homem estava sem contato com a Fonte da vida. Ainda que Adão se tivesse reconciliado mais tarde com o seu Criador, a morte física continuaria de acordo com o decreto divino: "No dia em que dela comeres certamente morrerás." Somente por um ato de redenção e de recriação o homem teria outra vez direito à árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus. Por meio de Cristo a justiça é restaurada à alma, a qual, na ressurreição, é reunida a um corpo glorificado.

Vemos, então, que a morte física veio ao mundo como castigo, e, nas Escrituras, sempre que o homem é ameaçado com a morte como castigo pelo pecado, significa primeiramente a perda do favor de Deus. Assim, o pecador já está "morto em ofensas e pecados" e no momento da morte física ele entra no mundo invisível na mesma condição. Então no grande Julgamento o Juiz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve "indignação e ira, tribulação e angústia" (Rom. 2:7-12). De maneira que "a morte", como castigo, não é a extinção da personalidade, e, sim, o meio de separação de Deus. Há três fases desta morte: morte espiritual, enquanto o homem vive (Efés. 2:1; l Tim. 5:6); morte física (Heb. 9:27); e a segunda ou morte eterna (Apoc. 21:8; João 5:28, 29; 2 Tess. 1:9; Mat. 25:41).

Por outro lado, quando as Escrituras falam da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os ímpios existem no inferno. Vida significa viver em comunhão com Deus e no seu favor — comunhão que a morte não pode interromper ou destruir. (João 11:25, 26.) é uma vida que proporciona união consciente com Deus, a Fonte da vida. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti só (em experiência e comunhão) por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e degradada.

Notemos que a palavra "destruição", usada quanto à sorte dos ímpios (Mat. 7:13; João 17:12; 2 Tess. 2:3), não significa extinção. De acordo com o grego, perecer ou ser destruído, não significa extinção e sim ruína. Por exemplo: que os odres "estragam-se" (Mat. 9:17) significa que já não servem como odres, e não que tenham deixado de existir. Da mesma maneira, o pecador que perece, ou que é destruído, não é reduzido ao nada, mas experimenta a ruína no que concerne a desfrutar comunhão com Deus e a vida eterna. O mesmo uso ainda existe hoje; quando dizemos: "sua vida está arrumada", não queremos dizer que o homem está morto, e, sim, que perdeu o verdadeiro alvo ou objetivo da vida.

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ANJOS - Por: Pr. Robson Alves

1. Sua natureza.

Os anjos são:
(a) Criaturas, isto é, seres criados. Foram feitos do nada pelo poder de Deus. Não conhecemos a época exata de sua criação, porém sabemos que antes que aparecesse o homem, já eles existiam havia muito tempo, e que a rebelião daqueles sob Satanás se havia registrado, deixando duas classes — os anjos bons e os anjos maus. Sendo eles criaturas, recusam a adoração (Apoc. 19:10; 22:8, 9) e ao homem, por sua parte, é proibido adorá-los. (Gal. 2:18)

(b) Espíritos. Os anjos são descritos como espíritos, porque, diferentes dos homens, eles não estão limitados às condições naturais e físicas. Aparecem e desaparecem à vontade, e movimentam-se com uma rapidez inconcebível sem usar meios naturais. Apesar de serem puramente espíritos, têm o poder de assumir a forma de corpos humanos a fim de tornar visível sua presença aos sentidos do homem. (Gên. 19:1-3.)

(c) Imortais, isto é, não estão sujeitos à morte. Em Lucas 20:34-36, Jesus explica aos saduceus que os santos ressuscitados serão como os anjos no sentido de que não podem mais morrer.

(d) Numerosos. As Escrituras nos ensinam que seu número é muito grande. "Milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões" (Dan. 7:10). "Mais de doze legiões de anjos" (Mat. 26:53). "Multidão dos exércitos celestiais" (Luc. 2:13). "E aos muitos milhares de anjos" (Heb. 12:22). Portanto, seu Criador e Mestre é descrito como o "Senhor dos exércitos".

(e) Sem sexo. Os anjos sempre são descritos como varões, porém na realidade não têm sexo; não propagam a sua espécie. (Luc. 20:34, 35.)

2. Sua classificação.

Visto como "a ordem é a primeira das leis do céu", é de esperar que os anjos estejam classificados segundo o seu posto e atividade. Tal classificação é implícita em 1Ped. 3:22, onde lemos: "os anjos, as autoridades, e as potências". (Vide Col. 1:16; Efés. 1:20, 21.)

(a) Anjo do Senhor. A maneira pela qual o "Anjo do Senhor" é descrito, distingue-o de qualquer outro anjo. É-lhe atribuído o poder de perdoar ou reter pecados, conforme diz o Antigo Testamento. O nome de Deus está nele. (Êxo. 23:20-23.) Em Êxo. 32:34 se diz: "Meu anjo irá adiante de ti"; em Êxo. 33:14 há esta variação: "Minha presença (literalmente, 'meu rosto') irá contigo para te fazer descansar." As duas expressões são combinadas em Isa. 63:9; "Em toda a angústia deles foi ele angustiado, e o anjo da sua face os salvou." Duas coisas importantes são ditas acerca desse anjo: primeiro, que o nome de Jeová , isto é, seu caráter revelado, está nele; segundo, que ele é o rosto de Jeová , ou melhor, o rosto de Jeová pode-se ver nele. Por isso tem o poder de salvar (Isa. 63:9); de recusar o perdão (Êxo. 23:21). Veja-se também a identificação que Jacó fez do anjo com o próprio Deus. (Gên. 32:30; 48:16.) não se pode evitar a conclusão de que este Anjo misterioso não é outro senão o Filho de Deus, o Messias, o Libertador de Israel, e o que seria o Salvador do mundo. Portanto, o Anjo do Senhor é realmente um ser incriado.

(b) Arcanjo. Miguel é mencionado como o arcanjo, o anjo principal. (Jud. 9; Apoc. 12:7; vide 1 Tess. 4:16.) Ele aparece como o anjo protetor da nação israelita. (Dan. 12:1.) A maneira pela qual Gabriel é mencionado, também indica que ele é de uma classe muito elevada. Ele está diante da presença de Deus (Luc. 1:19) e a ele são confiadas as mensagens de mais elevada importância com relação ao reino de Deus. (Dan. 8:16; 9:21.)

(c) Anjos eleitos são provavelmente aqueles que permaneceram fiéis a Deus durante a rebelião de Satanás, (1 Tim. 5:21; Mat. 25:41.)

(d) Anjos das nações. Dan. 10:13, 20 parece ensinar que cada nação tem seu anjo protetor, o qual se interessa pelo bem-estar dela. Era tempo de os judeus regressarem do cativeiro (Dan. 9:1, 2), e Daniel se dedicou a orar e a jejuar pela sua volta. Depois de três semanas, um anjo apareceu-lhe e deu como razão da demora o fato de que o príncipe, ou anjo da Pérsia, havia-se oposto ao retorno dos judeus. A razão talvez fosse por não desejar perder a influência deles na Pérsia. O anjo lhe disse que a sua petição para o regresso dos judeus não tinha apoio a não ser o de Miguel, o príncipe da nação hebraica. (Dan. 10:21.) O príncipe dos gregos também não estava inclinado a favorecer a volta dos judeus. (Dan. 10:20.) A palavra do Novo Testamento "principados" pode referir-se a esses príncipes angélicos das nações; e o termo é usado tanto para os anjos bons como para os maus. (Efés. 3:10; Gal. 2:15; Efés. 6:12.)

(e) Os querubins parecem ser de uma classe elevada de anjos relacionados com os propósitos retributivos (Gên. 3:24) e redentores (Êxo. 25:22) de Deus, para com o homem. Eles são descritos como tendo rostos de leão, de homem, de boi e de águia, e isto sugere que representam uma perfeição de criaturas — força de leão, inteligência de homem, rapidez de guia, e serviço semelhante ao que o boi presta. Essa composição de formas e sua aproximação de Deus asseguram que "a própria criação será libertada do cativeiro da corrupção" (Rom. 8:21, V.B.).

(f) Os serafins são mencionados em Isaías, capítulo 6. Pouco sabemos acerca deles. Certo escritor crê que eles constituem a ordem mais elevada de anjos e que a característica que os distingue é um ardente amor a Deus. A palavra serafins significa literalmente "ardentes".

3. Seu caráter.

(a) Obedientes. Eles cumprem os seus encargos sem questionar ou vacilar. Por isso oramos: "Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" (Mat. 6:10; vide Sal. 103:20; Jud. 6; 1 Ped. 3:22).

(b) Reverentes. Sua atividade mais elevada é a adoração a Deus. (Nee. 9:6; Fil. 2:9-11; Heb. 1:6.)

(c) Sábios. "Como um anjo... para discernir o bem do mal", era uma expressão proverbial em Israel. (2 Sam. 14:17.) A inteligência dos anjos excede a dos homens nesta vida, porém é necessariamente finita. Os anjos não podem diretamente discernir os nossos pensamentos (1 Reis 8:39) e os seus conhecimentos dos mistérios da graça são limitados, (1 Ped. 1:12.) Como diz certo escritor: "Imagina-se que a capacidade intelectual dum anjo tenha uma compreensão mais vasta do que a nossa; que uma só imagem na mente angelical contenha mais detalhes do que uma vida toda de estudos poderia proporcionar aqui."

(d) Mansos. não abrigam ressentimentos pessoais, nem injuriam os seus opositores. (2 Ped. 2:11; Jud. 9.)

(e) Poderosos. São "magníficos em poder" (Sal. 103:20).

(f) Santos. Sendo separados por Deus e para Deus, são "santos anjos" (Apoc. 14:10).

4. Sua obra.

(a) Agentes de Deus. São mencionados como os executores dos pronunciamentos de Deus. (Gên. 3:24; Num. 22:22-27; Mat. 13:39,41,49; 16:27; 24:31; Mar. 13:27; Gên. 19:1; 2 Sam. 24:16; 2 Reis 19:35; Atos 12:23.)

(b) Mensageiros de Deus. (Anjo significa literalmente "mensageiro".) Por meio dos anjos Deus envia: (1) Anunciações (Luc. 1:11-20; Mat. 1:20, 21). (2) Advertências (Mat. 2:13; Heb. 2:2). (3) Instrução (Mat. 28:2-6; Atos 10:3; Dan. 4:13-17). (4) Encorajamento (Atos 27:23; Gên. 28:12). (5) Revelação (Atos 7:53; Gál. 3:19; Heb. 2:2; Dan. 9:21-27; Apoc. 1:1).

(c) Servos de Deus. "não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?" (Heb. 1:14). Os anjos são enviados para sustentar (Mat. 4:11; Luc. 22:43; 1 Reis 19:5); para preservar (Gên. 16:7; 24:7; Êxo. 23:20; Apoc. 7:1); para resgatar (Num. 20:16; Sal. 34:7; 91:11; Isa. 63:9; Dan. 6:22; Gên. 48:16; Mat. 26:53); para interceder (Zac. 1:12; Apoc. 8:3,4); para servir aos justos depois da morte (Luc. 16:22). Lendo os versículos acima citados à luz das palavras de nosso Senhor em Mat. 18:10, alguns formaram a doutrina de "Anjos Protetores", a qual ensina que cada crente tem um anjo especial designado para guardá-lo e protegê-lo durante a vida. Eles afirmam que as palavras em Atos 12:15 implicam que os cristãos primitivos entenderam dessa maneira as palavras do Senhor. Não podemos ser dogmáticos sobre o assunto; entretanto, as promessas de ajuda por parte dos anjos são suficientemente numerosas e claras para proverem uma fonte de animo para todos os cristãos.



5. Anjos decaídos.

Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado, e, como o homem, dotados de livre escolha. Sob a direção de Satanás, muitos pecaram e foram lançados fora do céu. (João 8:44; 2 Ped. 2:4; Jud. 6.) O pecado, no qual eles e seu chefe caíram, foi o orgulho. Alguns têm pensado que a ocasião da rebelião dos anjos foi a revelação da futura encarnação do Filho de Deus e da obrigação de eles o adorarem. Segundo as Escrituras, os anjos maus passam parte do tempo no inferno (2 Ped. 2:4) e parte no mundo, especialmente nos ares que nos rodeiam. (João 12:31; 14:30; 2 Cor. 4:4; Apoc. 12:4, 7-9.) Enganando os homens por meio do pecado, exercem grande poder sobre eles (2 Cor. 4:3, 4; Efés. 2:2; 6:11,12); este poder, não obstante, está aniquilado para aqueles que são fiéis a Cristo, pela redenção que ele consumou. (Apoc. 5:9; 7:13,14.) Os anjos não são contemplados no plano da redenção (1 Ped. 1:12), mas o inferno foi preparado para o eterno castigo dos anjos maus (Mat. 25:41).

6. Demônios.

As Escrituras não descrevem a origem dos demônios; essa questão parece ser parte do mistério que rodeia a origem do mal. Porém as Escrituras dão claro testemunho da sua existência real e de sua operação. (Mat. 12:26, 27.) Nos Evangelhos aparecem como os espíritos maus desprovidos de corpos, que entram nas pessoas, das quais se diz que têm demônio. Em alguns casos, mais de um demônio faz sua morada na mesma vitima. (Mar. 16:9. Luc. 8:2.) Os efeitos desta possessão se evidenciam por loucura, epilepsia e outras enfermidades, associadas principalmente com o sistema mental e nervoso. (Mat. 9:33; 12:22; Mat. 5:4, 5.) O indivíduo sob a influência de um demônio não é senhor de si mesmo; o espírito mau fala por seus lábios ou o emudece à sua vontade; leva-o aonde quer e geralmente o usa como instrumento, revestindo-o às vezes de uma força sobrenatural. Assim escreve o Dr. Nevius, missionário na China, que fez um estudo profundo sobre os casos de possessão de demônios: Notamos, em pessoas possuídas de demônios na China, casos semelhantes aos expostos nas Escrituras, manifestando-se algumas vezes uma espécie de dupla consciência ou ações e impulsos diretamente opostos e contrários. Uma senhora em Fuchow, apesar de estar sob a influência de um demônio, cujo impulso era fugir da presença de Cristo, sentiu-se movida por uma influência oposta, a deixar seu lar e vir a Fuchow buscar ajuda de Jesus. O mesmo autor chega à seguinte conclusão, baseado num estudo da possessão de demônios entre os chineses: A característica mais surpreendente desses casos é que o processo de evidências de outra personalidade, e a personalidade normal nessa hora está parcial ou totalmente dormente. A nova personalidade apresenta feições de caráter diferentes por inteiro, daquelas que realmente pertencem à vitima em seu estado normal, e esta troca de caráter tende, com raras exceções, para a perversidade moral e impureza. Muitas pessoas, quando possuídas de demônios, dão evidências de um conhecimento do qual não podem dar conta em seu estado normal. Muitas vezes parece que conhecem o Senhor Jesus Cristo como uma pessoa divina, e mostram aversão e temor a ele. Notemos especialmente estas boas novas: Muitos casos de possessão de demônios têm sido curados por meio de adoração a Cristo, ou em seu nome; alguns mui prontamente, outros com dificuldades. Até onde temos podido descobrir, este método de cura não tem falhado em nenhum caso ao qual tenha sido aplicado; não importa ter sido o caso difícil ou crônico. E, em caso algum, até onde se pôde observar, o mal não voltou, uma vez que a pessoa se tornou crente e continuou a viver uma vida cristã... Como resultado da comparação feita, vemos que a correspondência entre os casos encontrados na China e aqueles registrados nas Escrituras é completa e circunstancial, cobrindo quase todos os pontos apresentados na narração bíblica. Qual o motivo que influi nos demônios a fim de apoderarem-se do corpo dos homens? O Dr. Nevius responde: A Bíblia ensina claramente que todas as relações de Satanás com a raça humana têm por objetivo enganar e arruinar, afastando a nossa mente de Deus e induzindo-nos a infringir suas leis, e trazer sobre nos o seu desagrado. Esses objetivos são conseguidos por meio da possessão de demônios. Produzem-se efeitos sobre-humanos que ao ignorante e desconhecedor parecem divinos. Ele exige e consegue a adoração e a obediência implícitas pela imposição de sofrimentos físicos e por falsas promessas e temíveis ameaças. Desse modo, os ritos e as superstições idólatras, entrelaçadas com os costumes sociais e políticos, têm usurpado em quase todas as nações da história o lugar da adoração única a Deus. (Vide 1 Cor. 10:20,21; Apoc. 9:20; Deut. 32:16; Isa. 65:3.) Quanto aos próprios demônios, parece que eles têm motivos pessoais e próprios. A possessão dos corpos humanos parece proporcionar-lhes um lugar muito desejado de descanso e prazer físico. Nosso Salvador fala dos espíritos maus andando por lugares áridos buscando especialmente descanso nos corpos das vitimas. Quando privados de um lugar de descanso nos corpos humanos, são representados como buscando-o no corpo dos animais inferiores. (Mat. 12: 3-5.) Martinho Lutero disse: "O diabo é o contrafator de Deus." Em outras palavras, o inimigo sempre está contrafazendo as obras de Deus. E certamente a possessão de demônios é uma grotesca e diabólica contratação da mais sublime das experiências — a habitação do Espírito Santo no homem. Note alguns paralelos:
1) A possessão de demônios significa a introdução de uma nova personalidade no ser da vitima, tomando-a, em certo sentido, uma nova criatura. Note como o gadareno endemoninhado (Mat. 8:29) falava e se portava como que controlado por outra personalidade. Aquele que é controlado por Deus tem uma personalidade divina habitando nele. (João 14:23.)
2) As elocuções inspiradas pelo demônio são imitações satânicas daquelas inspiradas pelo Espírito Santo.
3) Já se observaram casos em que a pessoa que se rende conscientemente ao poder do demônio, muitas vezes recebe um dom estranho, de forma que pode ler a sorte, ser médium, etc. O Dr. Nevius escreve: "Nesse estado, o endemoninhado desenvolve certas habilidades psíquicas e se dispõe a ser usado. Ele é o escravo voluntário, treinado e acostumado com o demônio." é uma imitação satânica dos dons do Espírito Santo!
4) Freqüentemente os endemoninhados manifestam uma força extraordinária e sobre-humana — uma imitação satânica do poder do Espírito Santo. O Senhor Jesus veio ao mundo para resgatar o povo do poder dos espíritos maus e pô-lo sob o controle do Espírito de Deus.

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PROFECIAS, PROFETAS & CIA -  Por: Pr. Robson Alves

A profecia, geralmente falando, é expressão vocal inspirada pelo Espírito de Deus. A profecia bíblica pode ser mediante revelação, na qual o profeta proclama uma mensagem previamente recebida por meio de um sonho, uma visão ou pela Palavra do Senhor. Pode ser também extática, uma expressão de inspiração do momento. Há muitos exemplos bíblicos de ambas formas.

A profecia extática e inspirada pode tomar forma de: EXALTAÇÃO E ADORAÇÃO A CRISTO, ADMOESTAÇÃO EXORTATIVA OU DE CONFORTO E ENCORAJAMENTO INSPIRANDO OS CRENTES.

A profecia se distingue da pregação comum em que, enquanto a pregação é geralmente o produto do estudo de revelação existente , a profecia é resultado da inspiração espiritual espontânea. A profecia não tenciona suplantar pregação ou ensino, antes, completa-los com o toque da inspiração. Ex: “No AT geralmente os profetas não ensinavam a lei (isto era serviço dos escribas, sacerdotes, doutores etc.), mas exortavam o povo a cumpri-la”.

A possessão do Dom, ou o chamado de Deus para o MINISTÉRIO específico (Ef 4:11-12) ambos distintos entre si constituía a pessoa “profeta” (At 15:32; 21:9; I Co 14:29). Porém é preciso diferenciar entre manifestações e reações. Tomemos a seguinte ilustração: a luz da lâmpada elétrica é uma manifestação da eletricidade, mas quando alguém toma um choque elétrico e solta um grito ensurdecedor, não podemos dizer que o grito seja uma manifestação da eletricidade, por que não está na natureza a eletricidade manifestar-se em voz audível. O que aconteceu foi uma reação da pessoa a corrente elétrica! Naturalmente a reação dependerá do caráter e temperamento da pessoa. Algumas pessoas calmas e de sangue frio apenas suspirariam ofegantes sem dizer nada.
 
Qual o propósito da profecia? I Co 14:3 o profeta edifica exorta e consola o crente, dentro de um ambiente ordeiro (I Co 14:40) regulamentado sob condições de Sabedoria (vs. 20), autodomínio vs.32 visando como já dissemos a edificação (12 e 23).

A Inspiração manifesta através do Dom de profecia esta no mesmo nível da inspiração da bíblia? Não, não está, e isto está implícito pelo fato de que os crentes são instruídos a provar ou julgar as mensagens proféticas (I Co 14h29min). Mas por que julgá-las ou prová-las. Uma razão é pela possibilidade do espírito humano confundir sua mensagem com a divina (Jer 23h16min; Ez 13:2, três), outra razão é a existência real de falsos profetas, mestres que tentam minar a Igreja do Senhor. I Tess 5:19-20 Trata da operação do Dom de profecia, os Tessalonicenses foram tão longe em sua desconfiança quanto a estes dons, (vs. 20) que estavam correndo o risco de Extinguir o Espírito (v 19), mas Paulo lhes disse que provassem cada mensagem, que retivessem o bem e que se abstivessem daquilo que tivesse aparência do mal vs21 e 22.
 

COMO IDENTIFICAR FALSOS PROFETAS

A questão da discriminação de profetas de forma alguma é acadêmica, mas antes é inteiramente prática e se reveste de maior importância espiritual. Certas características externas têm sido alegadas como sinais distintivos daquilo que é falso ou verdadeiro. No tocante ao profeta têm se asseverado que a êxtase profética era sinal do profeta falso, mas sabemos que o grupo extático era sinal comum, principalmente no tempo de Samuel (1 Sm. Cap. 9, 10 etc.) este êxtase era espontâneo, ou podia ser induzido através da música, dança, etc. (1 Sm 10:5; 2 Rs 3:15 1 Rs 18:28). É fácil e para alguns até mesmo inevitável que se olhe com suspeita tal fenômeno pois é algo estranho e às vezes se assemelha a práticas encontradas em outras religiões. Ex 1 Sm 19:24; 1 Rs 18:28.   Outra maneira externa sugerida mas não eficaz para identificar o falso profeta era seu profissionalismo: seriam os servos pagos de algum rei ou outra autoridade, e portanto era no seu próprio interesse que se diziam coisas que agradavam aos senhores. Mas novamente isso dificilmente pode servir de critério, principalmente isoladamente, pois, vemos que sem sombra de dúvida Samuel era um profeta profissional, e isso não fez dele um profeta falso.
Como vimos esta análise não pode ser feita de forma superficial, mas a mesma só poderá ser mais bem realizada, através de um apurado exame teológico, sob a orientação do Senhor, onde devemos contar principalmente com o dom de discernimento.

Examinando teologicamente:
Alguns pontos a serem observados.

1º - A ORIGEM DA MENSAGEM: Os verdadeiros profetas recebiam a mensagem diretamente de Deus (Ez 22:1), os falsos não, podendo a falsa mensagem geralmente ter duas fontes: o próprio coração ou o próprio inimigo (Ez 22:28; Jer 23:13).

2º - O CARATER DA MENSAGEM: Alguns falsos profetas entregavam mensagens para adular o povo e estimular certos desejos deles ou do rei, não levando em consideração QUEM E O SENHOR (Justiça, Santidade, Bondade) E O QUE ELE TEM PARA SEU POVO. Alguns textos mostram claramente a leviandade da mensagem dos falsos profetas: Jr 8:11, Ez 13:10 Jer 28:8.

3º - SEU PRAGMATISMO: Deut 18:9-14 mostra que Deus proíbe a seus profetas qualquer prática de ocultismo, e em muitos casos os falsos profetas fazem uso dessas praticas proibidas.  Jer 14:14; Mq 3:5-8

4º - O CARATER DO PROFETA: A Santidade e a conduta íntegra fazem parte da vida do bom profeta, mas não do falso, que participava da mentira, da bebedice, das dissensões, etc. 2 PEDRO 2:1-3

5º - A CAPACIDADE E A DISPOSIÇÃO DO PROFETA PARA ENFRENTAR AS DIFICULDADES DECORRENTES DA MENSAGEM: Geralmente os falsos profetas não estão dispostos a enfrentar as dificuldades de sua mensagem, gostam de uma vida cômoda e por isso até evitam duros discursos. O exemplo de Elias 1Rs 17:1-7


COMO JULGAR AS PROFECIAS

Existem três fontes possíveis de uma mensagem para o homem:

1º DEUS – (Jer 1:2, 11, 2:1 Apoc. 1:9-11).
2º SATANÁS ou seus súditos (2 Co 11:14-15)
3º O coração ou espírito humano Ez 13:3, Jer 14:14.
Isto implica em que é muito importante discernir se ela é pura, ou uma mistura das fontes acima mencionadas, se tornando então imprescindível e necessário que toda mensagem profética dada ao povo de Deus seja julgada a luz da Palavra.
Olhando para a profecia, a luz das Escrituras, como uma mensagem de Deus (pura, limpa e verdadeira) observamos que a mensagem profética do Senhor sempre têm um propósito bem definido, específico, induzindo as pessoas a algum tipo de ação (Is 55:1, Ag 1:12-14) útil e não fútil. Ainda que a profecia tenha uma mensagem especifica a vontade geral de Deus em relação a ela, está sempre destacada, tendo sempre que cumprir os seguintes propósitos:
Ø  EXORTAR: Animar, incitar, induzir alguém a fazer alguma coisa.
Ø  ADMOESTAR: Censurar ou repreender com brandura, prevenir, referir-se a alguma coisa para que seja considerada.
Ø  EDIFICAR: Induzir a virtude, infundir sentimentos morais e religiosos, construir, levantar.
Ø  FORTALECER: Fortificar, robustecer, munir de meios de defesa, corroborar (confirmar, comprovar).
Ø  CONSOLAR: Aliviar o pesar ou aflição de alguém.
Ø  ANIMAR: Dar alma ou energia vital, dar coragem, decidir-se, infundir vigor e disposição a um ser vivo.

Estes elementos positivos para edificar ou reconstruir a obra de Deus devem estar sempre presentes nas mensagens proféticas.
 A grande arma de Satanás em relação à mensagem profética, esta em imitar aquilo que faz o Senhor quase sempre utilizando de meias verdades, para confundir e também juntar adeptos, por exemplo:
No espiritismo dá-se um fenômeno chamado psicografia (dentre outros) em que um espírito imundo possui um médium e o faz escrever com sua mão meias verdades, e um monte de incoerências. Isto é imitação de uma profecia verdadeira do tipo extática, porém na mensagem divina não há incoerência sob nenhuma forma.

ALGUNS PONTOS QUE PODEM NOS AUXILIAR NO JULGAMENTO DA PROFECIA
            Neste sentido não podemos deixar de considerar:

ü  O propósito geral para a profecia (1 Co 14:3)
ü  Que a profecia deve estar em total acordo com o Espírito e com a Letra da Palavra. Deve ser absolutamente bíblica. (2Pe 1:20-21) As profecias que contrariam a palavra de Deus são falsas (Ex. profecias para o divorcio, etc.).

ü  Certifique-se que a profecia ocorreu dentro de um ambiente ordeiro (I Co 14:40) regulamentado sob condições de Sabedoria (vs. 20), autodomínio vs.32 visando como já dissemos a edificação (12 23).
 
ü  O cumprimento da profecia ou a realização do sinal desde que este não contrarie os mandamentos, ou seja, a Palavra de Deus (Deut 18:21-22, Deut 13:1-3).

ü  O testemunho em nosso espírito dado pelo Espírito Santo (Jo: 16:13). Diferente de outrora hoje o cristão verdadeiro têm o Espírito Santo em seu coração não só em momentos específicos mas residindo n’ele, podendo guiar-nos em todas circunstancias.

ü  É preciso considerar o espírito ou intuito da mensagem. Ainda que sob parâmetros bíblicos, toda mensagem tem que ser cristocêntrica, pois Deus não divide sua gloria com ninguém (Is. 42:8).

ü  A profecia é para ser confirmada e deve submeter-se a julgamento, quando há alguma resistência a este julgamento isto pode ser uma evidência de sua falsidade. (I Co 14:29)


ALGUNS COMENTARIOS DE LIDERES PENTECOSTAIS A SEREM CONSIDERADOS

Michael Harper (Igreja Anglicana)
“Profecias que dizem as pessoas o que elas devem fazer – precisam ser encaradas com muito cuidado”... (1)

Dennis e Rita Bennett (Episcopais Americanos)
“Devemos também tomar cuidado com a profecia pessoal, diretiva, especialmente fora do ministério de uma pessoa de Deus madura e submissa. A “profecia pessoal” desenfreada contribui muito para minar o desenvolvimento dos dons do Espirito Santo. Ë preciso bastante cautela ao receber qualquer pretensa profecia diretiva ou preditiva. Nunca empreenda qualquer projeto simplesmente porque lhe disseram isso por meio de uma suposta declaração profética ou interpretação de línguas, ou suposta palavra de sabedoria ou conhecimento, Nunca faça algo só por que um amigo vem a você e diz: “O Senhor me mandou dizer a você que deve fazer assim ou assado”. Se o Senhor têm instruções para você ele também lhe dará um testemunho em seu coração, neste caso às palavras que vem do seu amigo serão uma confirmação do que Deus já estava mostrando a você. A orientação que você recebe deve prioritariamente concordar com as Escrituras...” (2).

Donald Gee (Assembléia de Deus)
“Problemas graves têm sido suscitados pela hábito de dar e receber “mensagens” pessoais de orientação mediante os dons do Espirito. [...] A Bíblia da espaço para essa direção do Espirito Santo. Mas isso deve ser mantido na devida proporção. Um exame das Escrituras irá nos mostrar que na verdade os cristãos primitivos não recebiam continuamente essas vozes do céu. Na maioria dos casos tomavam suas decisões pelo uso do que costumamos chamar “bom senso santificado”. Muitos de nossos erros relacionados a dons espirituais surgem quando desejamos que o extraordinário e o excepcional se tornem freqüentes e habituais. Todos os que desenvolvem desejo excessivo por “mensagens” dadas mediante os dons devem extrair lições do naufrágio tanto das gerações passadas como das contemporâneas. [...] As Sagradas Escrituras são uma lâmpada para os nossos pés e luz para nosso caminho.” (3).

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS EM RELAÇÃO À PROFECIA

·         Não despreze ou se quer menospreze as profecias. Deus fala a seu povo por este meio.
·         Não ouça uma profecia ou julgue-a, sem fé ou de maneira descuidada isto pode ser muito perigoso (Hb 2:1-4; 4:1-3).
·         Não seja manipulado, tomando decisões e agindo por uma palavra profética, sem antes receber orientação de Deus, bom é que a profecia venha para confirmar a palavra à revelação, enfim a vontade de Deus.
·         Certifique-se de que aquele que profetiza tem um bom testemunho

Aos que profetizam:
·         Sempre esteja em submissão às autoridades da igreja para poder profetizar.
·         A consagração ao Senhor num viver santo é vital. Mantenha-se num espírito reto.
·         Quando seu coração estiver vazio, ou cheio de entulhos (magoas, dores, etc.) não profetize, “Porque a boca fala do que esta cheio o coração” Mt 12:34.
·         Beba da fonte. Estude intensamente a Palavra pois Jesus exclamou que quem Dele beber e Nele crer, rios de água viva “fluirão” do seu interior.

_______________       
(1)   Michael Harper, Prophecy, Logos, 1964 pg 26
(2)   Dennis e Rita Bennet, The Holy Spirit and You, pg 107
(3)   Donald Gee, Spiritual Gifts in the Work of Ministry Today, Gospel Publishing house, 1963, pg. 51-52

Bibliografia:
- Menzies, Willian W e Horton, Stanley M: DOUTINAS BÍBLICAS uma perspectiva pentecostal, CPAD, Rio de Janeiro, 1995.
- Grudem Wayne: TEOLOGIA SISTEMATICA, Ed. Vida Nova, São Paulo, 1999.
- Chaves, Rony: A RESTAURAÇÃO DO MINISTERIO PROFETICO,
- Pearlman, Myer: CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, Ed. Vida, 16ª impressão maio de 1991.
- Scofield, A BIBLIA DE, SBB, Edição de 1917.
- Douglas, J. D: O NOVO DICIONARIO DA BIBLIA, II Volume, Edições Vida Nova, São Paulo 1988.
- Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda: MINI AURÉLIO, Ed. Nova fronteira, Edição Especial para p FNDE/PNLD, 2001.
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                                       BibliologiaPor: Pr. Robson Alves  

I – Introdução
A Bíblia, o livro de maior circulação, é um estudo que desafia e frustra ao mesmo tempo.  Até mesmo o incrédulo que não crê em sua autoridade, sente com razão que não seria inteligente permanecer em ignorância quase total sobre o livro mais famoso, mais antigo e mais lido. E, ainda, mesmo os crentes sinceros logo se desanimam de quaisquer esforços sérios para dominar o conteúdo das sagradas letras.
O motivo não é difícil de se entender.  É devido ao fato de que nenhuma porção particular das Escrituras pode ser inteligentemente compreendida à parte de alguns conceitos sobre o seu lugar no todo, pois a história e a mensagem da Bíblia são como um quadro desenhado sobre mosaicos: cada livro, cada capítulo, cada versículo e até mesmo cada palavra formam uma parte necessária e tem seu lugar designado.
É, portanto, indispensável que qualquer estudo interessante e frutífero da Bíblia seja precedido de um conhecimento generalizado.

II – Sinopse histórica

            A Bíblia foi escrita ao longo de um período aproximado de 1500 anos, por cerca de quarenta autores, que usaram para sua composição original basicamente três línguas, sendo: Hebraico e aramaico (em pequenas porções) para o Antigo Testamento e grego (koiné) para o Novo Testamento. O primeiro “grande livro” impresso foi a Bíblia Latina, no ano de 1456, na cidade de Mogúncia, Alemanha após a invenção da imprensa por João Gutenberg em 1436. Mas antes da invenção da imprensa, os livros eram manuscritos, isto é escrito à mão, em rolos de diversos tamanhos.
Os judeus escreviam seus rolos em peles de cabras, muito finas e polidas no lado em que se escrevia, já os gregos escreviam em papiros, material feito com a medula de uma planta aquática, muito abundante nas margens do Rio Nilo no Egito. Os gregos chamavam o papiro de “biblos”, e na forma diminutiva “biblíon”, cujo plural é “bíblia”, de onde veio à palavra Bíblia, que literalmente significa livros ou conjunto de pequenos livros. Outros materiais, também eram utilizados pelos povos antigos na escrita, dos quais destacamos:
a)      Argila – Em forma de tijolos cozidos ou não (Ex. 4:1),
b)      Ostracom – Fragmentos de cerâmica que já não serviam para outros fins,
c)      Cera – Escritas em tábuas revestidas de cera (Is. 8:1; 30:8),
d)      Linho – Usado também para escrita, pelos egípcios e romanos,
e)      Ouro – Há muitas descobertas de moedas e jóias com inscrições (Ex. 28:36),
f)       Pedra – Existem três notáveis pedras: Rocha de Behistun (Irã) foi à chave para a descoberta da escrita cuneiforme, Pedra Roseta, foi à chave para decifrar os hieróglifos egípcios e Pedra Moabita, Escrita por Mesa, rei de Moabe (aproximadamente 850 a.C.) 2º Rs. 3:4
A palavra Bíblia não se encontra nas Sagradas Escrituras em português, foi João Crisóstomo, notável e erudito orador cristão que no quarto século da Era Cristã, transliterou do grego a palavra “Bíblia” (livros) que ficou incorporada em todas as línguas modernas. Os cristãos primitivos chamavam os Escritos Sagrados de graphê (escrito) e graphái (escritos).
Hoje, para encontrarmos uma passagem Bíblica levamos apenas alguns segundos, mas para um judeu, mesmo um rabino afeito ao manuseio das Escrituras Sagradas era uma tarefa extraordinária, porque os livros não eram numerados por capítulos e versículos.
Os Judeus guardavam os rolos das Escrituras em arcas nas sinagogas e eram agrupados em três denominações: Torá (Lei), Neviím (Profetas) e Ketuvím (Escritos). Até os dias de hoje os judeus dedicam um amor especial pela Torá lendo-a durante todo o ano nas sinagogas, e por isso dedicando a ela uma data especial quando terminam sua leitura: “A alegria da Tora” (Sim’hat Torá). Ao conjunto dos livros sagrados, os judeus chamam de Tanak, nome tirado das iniciais dos três grupos de livros.

Segundo a tradição histórica a divisão em capítulos teria sido feita pelo cardeal Caro, em 1228 ou por Langton, o arcebispo de Cantuária, em 1232, já tinha a divisão por versículos foi feita pelo impressor francês Robert Stephan em 1551. A primeira versão da Bíblia impressa com capítulos e versículos foi a Vulgata Latina em 1555.

Os nomes dos cinco primeiro livros da Bíblia foram tirados da primeira tradução da Bíblia, que aconteceu aproximadamente em 275 antes de Cristo, em Alexandria. Essa versão é conhecida como Septuaginta ou versão dos setenta, comumente descrita pela sigla LXX; recebe este nome pelo fato de ter sido feita por uma comissão de setenta e dois sábios judeus enviados pelo sumo sacerdote à Alexandria após o rei Filadelfo ter sido persuadido por seu bibliotecário a obter uma tradução das escrituras hebraicas para sua biblioteca real.
Os judeus conheciam os livros das Escrituras pelas primeiras palavras com que começavam os livros exemplo: Gênesis-Bereshit (no princípio), Êxodo-Shemot (estes são os nomes), Levítico-Vaícra (e chamou), estabelecendo para eles uma ordem chamada de massorética, que a exceção dos cinco primeiro livros do Antigo Testamento não obedecem à mesma seqüência de nossos livros.
Da primeira tradução grega (LXX), surgiram outras como dentre elas a versão latina conhecida como Vulgata, que foi praticamente a única versão usada por um período aproximado de 1000 anos durante a idade média. Essa versão foi feita por Euzebus Hierônimos, sacerdote católico mais conhecido por Jerônimo ou São Jerônimo que levou cerca de 18 anos em seu preparo na Palestina terminando em aproximadamente 393 d.C. Jerônimo traduziu a Septuaginta para o latim, incluindo os livros apócrifos, nome dado por ele mesmo aos livros históricos do período interbíblico, que foram incluídos na versão dos setenta, mas que não faziam parte do cânon hebraico.

O Nome apócrifo têm pelo menos três significados, sendo:
a)      Literal ou etimológico, em que significa: Oculto, escondido;
b)      Doutrinal, em que significa: Não inspirado;
c)      Geral, em que significa não autêntico, falso.
Os livros chamados de apócrifos encontrados a partir da versão latina são: Judite, Tobias, Sabedoria De Salomão, Eclesiástico, 1º e 2º Macabeus e alguns acréscimos ao livro de Daniel. Esses livros sempre foram traduzidos juntamente com os livros canônicos e somente no ano de 1546 no Concílio de Trento, é que a igreja Católica Romana os decretou inspirados, dando-lhes o nome de “Deutero-canônicos”, que quer dizer: segundos canônicos, para diferenciá-los dos “Protocanônicos”, os primeiros canônicos.
Estes livros nunca foram reconhecidos pelos judeus como inspirados, dentre outras coisas, porque foram escritos em grego e não em hebraico, e foram escritos quando o cânon hebraico já havia sido encerrado.
Como já dissemos durante aproximadamente dez séculos, a única versão da Bíblia conhecida era a Vulgata Latina, pois o Latim era a língua universal da Idade Média. Somente com o advento da primeira reforma religiosa, encerrada por Martinho Lutero, é que a Bíblia começou a ser traduzida em língua vernácula.
Lutero foi o responsável pela primeira tradução da bíblia em língua popular, vertendo diretamente do hebraico e grego para o Alemão, em 1534, uma versão da Bíblia.  Antes de Lutero, John Wycliff avivalista conhecido como “a Estrela D’Alva da reforma”, fez a tradução da Vulgata para o Inglês, juntamente com seus auxiliares Nicolau Hereford e John Purvey, em 1382 d.C. A Tradução continha muitas falhas e erros, provenientes do texto que wycliff usou: o latino.
A primeira tradução da Bíblia feita para o português data de 1279, no tempo do rei Diniz, mas o futuro da Bíblia em português, dependia de João Ferreira de Almeida, nascido em Torre de Tavares, Portugal, em 1628. Segundo estudiosos com apenas 16 anos, em 1645 começou a tradução do Novo Testamento, usando como base o melhor texto até hoje conhecido, o Textus Receptus, terminou a tradução em 1670, mas a mesma, só foi publicada em 1681. Somente no século XVIII é que a Bíblia inteira de Almeida veio a público depois de várias correções e reformas, e, é até os dias de hoje a tradução mais usada no Brasil.

III – Visão panorâmica

a)      A Bíblia é um livro. Sete grandes sinais comprovam sua unidade:
1º - Desde o Gênesis a Bíblia dá testemunho de um Deus único. Onde quer que Ele fale ou haja, o faz de maneira consistente consigo mesmo, e dentro da revelação total de seu Ser.
2º - A bíblia forma uma história contínua, a história da humanidade em relação a Deus.  3º - A Bíblia arrisca-se a dar as predições mais inverossímeis quanto ao futuro e, quando os séculos se passam e chega à hora indicada, ela registra o seu cumprimento.
4º - A Bíblia é um descortinamento progressivo da verdade. Nada é dito de uma só vez e de uma vez por todas. A lei é, “primeiro a erva, depois a espiga e, por fim, o grão”. Sem possibilidade de colusão, freqüentemente com séculos se interpondo, um escritor da Bíblia pega uma revelação anterior, acrescenta-lhe algo, anota-a e, no devido tempo, outro homem movido pelo Espírito Santo, e outro e mais outro, acrescentam novos detalhes até que “o todo” se completa.
5º - Desde o começo até o fim, a Bíblia dá testemunho de uma redenção.
6º - Desde o começo até o fim, a Bíblia tem um único grande tema: “A pessoa e a obra de Cristo”.
7º - E, finalmente, estes escritores (mais de quarenta), escrevendo através de séculos, produziram uma harmonia perfeita de doutrina em progressiva revelação. Isso constitui para as mentes sinceras uma prova indiscutível da inspiração da Bíblia.

b) A Bíblia é o livro dos livros. Sessenta e seis livros formam um só Livro.Considerando a unidade do livro, os livros separados podem ser considerados capítulos. Mas esse é apenas um lado da verdade, pois cada um dos sessenta e seis livros é completo em si mesmo, tendo seu próprio tema e análise. Torna-se, portanto, de importância suprema que os livros sejam estudados à luz de seus diferentes temas. O Gênesis, por exemplo, é o livro dos começos, a semente do enredo de toda Bíblia. Mateus é o livro do Rei, etc.

c) Os livros da Bíblia se encaixam em grupos. Classicamente falando, existem duas divisões básicas das Escrituras sendo: Antigo e Novo Testamento. Porém de um modo geral, encontramos cinco grandes divisões das Escrituras e elas podem ser convenientemente fixadas na memória através de cinco palavras-chaves, sendo que Cristo é o tema geral (Lc. 24:25-27):
Preparação
Manifestação
Propagação
O Antigo Testamento
Os Evangelhos
Os Atos dos Apóstolos
Explicação
Consumação
As Epístolas
O Apocalipse
 
          Em outras palavras, o Antigo Testamento é a preparação para a vinda de Cristo; Quanto ao Novo Testamento, nos Evangelhos, Ele se manifesta ao mundo, nos Atos, Ele foi pregado e o Seu evangelho foi propagado ao mundo, nas Epístolas, o Seu evangelho foi explicado, e no Apocalipse todos os propósitos de Deus em Cristo e através dEle foram consumados. Estes grupos de livros dividem-se por sua vez, em outros grupos. Isto é especialmente aplicável ao Antigo Testamento, que tem quatro grupos bem definidos, assim classificados para ajudar a memorização:
1º - A Lei (Pentateuco): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
2º - História: Josué, Juizes, Rute, 1º e 2º Samuel, 1º e 2º Reis, 1º e 2º Crônicas, Esdras, Neemias e Éster.
3º - Poesia e Sabedoria: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares.
4º - Profecias: a.4) Profetas maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel; b.4) Profetas menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
É preciso novamente que se tome o cuidado de não ignorar, nestes agrupamentos generalizados, as mensagens dos diversos livros que os compõem. Assim, embora a redenção seja o tema geral do Pentateuco, pois conta a história da redenção de Israel do cativeiro, sendo levado para “uma terra grande e boa”, cada um dos cinco livros, tem a sua parte distinta no todo. Os livros poéticos registram as experiências do povo redimido nas variadas cenas e acontecimentos através da providência de Deus.
Os profetas foram pregadores inspirados e os livros proféticos consistem de sermões com pequenas passagens conectivas e explanatórias. Dois dos livros proféticos, Ezequiel e Daniel, têm um caráter diferente e são principalmente apocalípticos.

d) A Bíblia conta à história humana. Começando, logicamente, com a criação da terra e do homem, a história da raça humana nasceu com o primeiro casal e contínua através dos onze primeiro capítulos de Gênesis. No capítulo décimo segundo começa a história de Abraão e da nação da qual Abraão é antepassado. É com essa nação, Israel, que a narrativa Bíblica se preocupa, principalmente desde o capítulo onze de Gênesis até o capítulo dois de Atos. Os gentios são mencionados, mas apenas em conexão com Israel.
Foi tornado cada vez mais claro que Israel ocupa assim o cenário, apenas, porque lhe foi confiada à realização dos grandes propósitos de amplitude mundial (Dt. 7:7). A missão designada a Israel foi:
1º -  Ser uma testemunha da unidade de Deus no meio da Idolatria universal (Dt. 6:4; Is. 43:10);
2º  - Exemplificar diante das nações a benção maior daqueles que servem ao único Deus (Dt. 33:26-29; 1º Cr. 17:20-21; Sl. 102:15);
3º  - Receber e preservar a revelação divina (Rm. 3:1-2) e,
4º - Produzir o Messias, o Salvador e Senhor da terra (Rm. 9:4-5). Os profetas predizem um futuro glorioso para Israel sob o reino de Cristo.
A história bíblica de Israel, passado, presente e futuro encaixa-se em sete períodos distintos:
1º  - Desde a chamada de Abrão até o Êxodo (Gn. 12; Ex. 1-20):
2º  - Desde o Êxodo até a morte de Josué (Ex. 21 a Js. 24);
3º  - Desde a morte de Josué até o estabelecimento da monarquia hebraica com Saul;
4º  - O período dos reis, desde Saul até o cativeiro;
5º  - O período do cativeiro
6º  - A restauração da comunidade, desde o fim do cativeiro de Judá na Babilônia, até a destruição de Jerusalém no ano 70 a. D.;
7º  - A atual dispersão.
Os Evangelhos registram o aparecimento do prometido Messias; Jesus Cristo, na história humana e dentro da nação hebraica, e contam a maravilhosa história de Sua manifestação a Israel, Sua rejeição por esse povo, Sua crucificação, Sua ressurreição e Sua ascensão.
Os Atos registram a descida do Espírito Santo e o começo de uma coisa nova na história da humanidade, a Igreja. Agora, a divisão da raça humana se torna tripla – os judeus, os gentios e a igreja de Deus. Exatamente como Israel se encontra no primeiro plano desde a chamada de Abraão até a ressurreição de Cristo, da mesma forma agora a Igreja preenche o cenário desde o segundo capítulo de Atos até o quarto capítulo do Apocalipse.
Os capítulos restantes desse livro completam a história da humanidade e o triunfo final de Cristo.

e) O tema central da Bíblia é Cristo. É esta manifestação de Jesus Cristo, a Sua pessoa como Deus manifesto em carne (Iª Tm. 3:16), Sua morte sacrificial e a Sua ressurreição, que constitui o Evangelho. Toda a Escritura anterior conduz a isto e, toda a Escritura seguinte parte daí.
O Evangelho encontra-se pregado em Atos e explicado nas Epistolas. Cristo, o filho de Deus, o Filho do homem, o Filho de Abraão, o Filho de Davi, liga, assim, os muitos livros em um único Livro. A semente da mulher (Gn. 3:15), Ele é o destruidor final de Satanás e suas obras; a Semente de Abraão, Ele é o benfeitor do mundo, a Semente de Davi, Ele é o Rei de Israel, “o esperado de todas as nações”.
Exaltado à direita de Deus, Ele é a Cabeça de toda a Igreja, que é o Seu corpo; enquanto para Israel e as nações a promessa de Sua volta forma uma expectativa apenas racional de que a humanidade ainda vai se completar. Enquanto isso a Igreja aguarda ansiosamente o cumprimento de Sua promessa especial: “Voltarei e vos receberei para mim mesmo” (Jo. 14:3). É dEle que o Espírito Santo dá testemunho nesta dispensação da Igreja.
O último de todos os livros, o livro da consumação, que encerra de maneira esplêndida, a biblioteca Divina, é “A revelação de Jesus Cristo” (Ap. 1:1),

IV - Canonicidade ou autenticidade

a - Significado - Pôr causa das Escrituras cremos que, de acordo com padrões determinados e fixos, os livros incluídos nelas são considerados partes integrantes de uma revelação completa e divina, a qual, portanto, é autorizada e obrigatória em relação à fé e a pratica.  A palavra “Cânon” é de origem cristã e derivada do vocábulo grego “Kanon”, que por sua vez provavelmente veio emprestado do hebraico “Kaneh”, que significa vara de medir, daí tomou o sentido de forma ou regra. Mais tarde veio a significar regra de fé, e finalmente, catalogo ou lista. Gl. 6.16. Assim sendo podemos definir o Cânon das Escrituras da seguinte maneira: A lista final de todos os livros inspirados que pertencem a Bíblia.


Alguns comentários importantes sobre o Cânon
“Deve ser compreendido, entretanto, que a canonização de um livro não significa que a nação judaica, por um lado, ou a Igreja Cristã, por outro, tenha dado a esse livro a sua autoridade, antes, significa que sua autoridade, já tendo sido estabelecido em outras bases suficientes, foi conseqüentemente reconhecida como de fato pertencente ao Cânon e assim declarado”.
Gray.
“Deve se reconhecer que cada um dos livros canônicos possui uma qualidade que determinou sua aceitação. Foi percebida a sua origem divina, por isso foi aceito.”
“A canonização do livro importava em: 1) O reconhecimento de seu ensino era, em sentido todo especial, divino; 2) A conseqüente atribuição ao livro, pela comunidade ou seus guias, de autoridade religiosa”
Angus-Green.
O trabalho da igreja primitiva não foi o de conceder autoridade divina nem mesmo autoridade eclesiástica a alguns escritos meramente humanos, mas, antes, de reconhecer a característica de autoria divina dos escritos que já possuíam tal qualidade, porque o critério primário de canonicidade é a autoria divina, não a aprovação humana ou eclesiástica”.
Wayne Grudem
Não devemos subestimar a importância desta questão, pois as palavras das Escrituras são as palavras pelas quais nutrimos nossa vida espiritual.

b) - O Cânon do Antigo Testamento – O Antigo Testamento não contém nenhum registro da canonização de qualquer livro ou coleção de livros, mas seus livros sempre foram reconhecidos como possuidores de autoridade canônica. São falhas todas as teorias que consideram a canonização dos livros do Antigo Testamento como obra do povo. A autoridade canônica e seu reconhecimento são duas coisas distintas. Prova-se por três considerações que a decisão do povo não foi à causa da canonicidade:
b - 01 - Naqueles tempos, a autoridade não era considerada como proveniente do povo, mas sim de Deus. Tal critica colocaria a força o principio da civilização moderna nos tempos antigos. A fim de que os livros fossem reconhecidos por Israel, era necessário possuírem autoridade canônica prévia, pelo contrário, Israel não os teria reconhecido. Eram canônicos pelo fato de ser divinamente inspirados e de possuir autoridade divina desde sua primeira promulgação.
b - 02 - Os dois relatos da assim chamada canonização, não o são propriamente. O que se refere ao livro de Deuteronômio no tempo de Josias, nada tem a ver com canonização. O livro era reconhecido como sendo já autorizado, por todos que o liam. Disse Hilquias a Safã: “Achei o Livro da Lei na casa do Senhor”. (2º Rs. 22.8). Safã leu o livro diante do rei Josias, que imediatamente rasgou suas vestes e ordenou uma consulta ao Senhor a respeito das palavras do livro, dizendo “grande é o furor do Senhor, que se acendeu contra nós, porquanto nossos pais não deram ouvidos as palavras deste livro, para fazerem segundo tudo quanto de nós está escrito.” Josias ajuntou o povo e leu diante dele o livro (2º Rs. 23.1-2).
Semelhante, o registro de Neemias 8 (oito) não é o da canonização de um livro. É claro que Esdras considerava o livro já canônico, caso contrário não teria feito tanta questão de lê-lo na assembléia solene do povo, que tinha a mesma opinião, pois pedira a Esdras que lesse (Ne. 8.1-3) e, “abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé”, como evidência dessa autoridade. Sua aceitação era apenas o reconhecimento de uma autoridade já existente. A leitura teve por objetivo a instrução do povo.
b - 03 - “No Antigo Testamento não há registro da aceitação formal pelo povo de nenhum dos livros pertencentes à segunda e terceira divisões do Cânon. Não obstante, esses livros eram evidentemente considerados canônicos. Fosse imprescindível ou a aceitação pelo povo, ou o endosso oficial pelos escribas para a canonização dos livros, o registro de tal ato seria uma parte uma importante de cada livro ou, pelo menos, de cada divisão do Cânon. Mas não existe nenhum registro dessa natureza. A explicação obvia é que os livros eram reconhecidos como canônicos desde o principio”.
Raven.
As Escrituras do Antigo Testamento são chamadas, dentre outros títulos, de “a lei e os profetas”. (Mt. 22:40; At. 13:15; Rm. 3:21).

c) - A Lei – Aceitação e reconhecimento
Alguns pontos que comprovam sua canonicidade:
c - 01 - Aceitação demonstrada pelo lugar no templo.
(a) Tábuas da Lei preservadas na arca da aliança. Dt. 10.5.
(b) Livro da lei conservado pelos levitas ao lado da arca. Dt. 31.24-26.
(c) Escrituras achadas no Templo, nos dias de Josias. 2º Rs. 22.8
c - 02 - Aceitação demonstrada pelo reconhecimento de sua autoridade
(a) A Lei devia ser lida na presença do povo cada sete anos. Dt. 31.10-13; 2º  Cr. 17.9
(b) O povo era exortado a obedece-las. 2º  Cr. 17.9.
(c) O rei devia ter uma cópia para regular suas decisões. Dt. 17.18-20
(d) Josué havia de lê-las. Js. 1.8; 1º  Rs. 11.38; Ne. 1.7-79; Ed. 3.2.

d) - Os profetas – Aceitação e reconhecimento
Alguns pontos que comprovam sua canonicidade:
d - 01 - Aceitação demonstrada pelo fato de serem os profetas colocados em pé de igualdade com a Lei.
“Os profetas salientavam a lei (Is. 1.10), mas consideravam suas próprias palavras igualmente obrigatórias. A desobediência aos profetas era igualmente digna de castigo (2º Rs. 17.13)”.
Raven.
d - 02 - Aceitação demonstrada pela referência de Daniel a declarações proferidas preservadas. Dn. 9.2

e) - A prova suplementar do Novo Testamento
Podemos dizer que durante o ministério de Jesus, e enquanto os livros do Novo Testamento estavam surgindo, o Antigo Testamento já existia como uma coleção completa, à qual era atribuída autoridade divina. Vejamos:
e - 01 - Referências de Cristo as Escrituras, como existentes e autorizadas. Mt. 22.29; Jo. 5.39; 10.35; Mt. 23.35; Lc. 24.44.
e - 02 - Referência dos Apóstolos as Escrituras, como dotadas de origem e autoridade divinas. 2ª Tm. 3.16; 2ª Pe. 1.20,20.
            As Escrituras não exigem credulidade cega por parte daqueles que as examinam a fim de estudá-las, mas, sim, crença inteligente fundamentada na base de fatos criveis.

V - O Cânon do Novo Testamento
O Cânon do Novo Testamento constitui uma história fascinante e toda própria na história da Bíblia, seria impossível neste singelo e resumido trabalho, feito especificamente para os alunos da FATES – Faculdade Teológica do Espírito Santo, esgotar este assunto. Porém, afim de melhor compreender, como chegamos ao nosso Novo Testamento, vamos citar um pouco do final desta bela história.
Já no final do século IV, aproximadamente 367 d.C., o então considerado mais ortodoxo dos teólogos da época, Atanásio (no oriente), fez uma seleção de todos os livros que até então circulavam no mundo mediterrâneo, e que se diziam documentos apostólicos. Seu exame concluiu que apenas 27 livros (os mesmos que temos hoje) podiam ser considerados de fato como á infalível e inspirada Palavra de Deus.
Trinta anos mais tarde, de forma muito independente de Atanásio, reuniu-se um concílio eclesiástico em Cartago (no ocidente), com intuito de discutir a genuinidade dos livros tidos como Sagrados do Novo Testamento. Neste concílio, foram aplicados quatro testes que reivindicavam inspiração divina e, o concílio, após levar em conta todas as questões e fatos, concluiu que os 27 livros, que atualmente temos em nosso Novo Testamento, eram os únicos que estavam de conformidade com os critérios estabelecidos, sendo que o teste levava em conta os seguintes critérios: a) Apostolicidade, b) Universalidade, c) conteúdo, d) inspiração.

aComposição
A lista dos 27 livros fixados hoje tiveram por base:
(1) O composto de livros escritos pelos Apóstolos ou recebidos como possuidores de autoridade na era apostólica.  Jo. 16.12-15, 2ª Pe. 3.15,16; Jo. 14.26.
(2) O composto de livros colocados em nível de autoridade não atingido por quaisquer outros livros. Iª Ts. 2.13.
(3) O composto de livros endossados e aprovados pela consciência cristã universal.
(4) O composto de livros a respeito dos quais foi dado discernimento espiritual á Igreja para capacitá-la entre o falso e o verdadeiro. Foi depois de um período considerável de tempo, a contar da ascensão do Senhor Jesus, que foi escrito, em realidade, qualquer dos livros contidos do Cânon do Novo Testamento. 
A obra primária e mais importante dos apóstolos era de dar testemunho pessoal dos fatos básicos da história evangélica. O ensino deles foi inicialmente oral, mas no decurso do tempo, muitos procuram dar uma forma escrita a esse Evangelho oral. Enquanto os apóstolos ainda viviam, não era urgente a necessidade de registros escritos das palavras e ações de nosso Senhor.  
Mas, quando chegou o tempo de serem eles removidos do mundo, tornou-se extremamente importante que fossem publicados registros autoritativos. Assim, vieram à existência os Evangelhos. Os fundadores das Igrejas, freqüentemente impossibilitados de visitá-las pessoalmente, desejavam entrar em contato com seus convertidos no propósito de aconselhá-los, respondê-los e instruí-los. Assim surgiram as Epistolas.
“A perseguição movida por Diocleciano (302 d.C.) pôs em evidencia a questão da literatura sagrada da Igreja. Os perseguidores exigiram que fossem abandonadas as Escrituras. A isso se negaram os cristãos. Então se tornou urgente à pergunta: Que livros são apostólicos? A resposta está em nosso Novo Testamento. Pesquisas cuidadosas, regadas por oração, aprimoradas, mostram quais livros eram genuínos e quais eram falsos. Assim surgiu o Cânon do Novo Testamento”.
Evans.
Os livros das Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, conforme os possuímos hoje, tem sido aceitos pela Igreja durante toda a era cristã como aqueles que compreendem a revelação completa vinda de Deus.

b - Sua veracidade
b - 1 - Significado - Por veracidade das Escrituras queremos dizer que seus registros são verazes, e que assim podem ser aceitos como declarações dos fatos.
O caráter canônico das Escrituras, incluindo a genuinidade de sua autoria, fica assim demonstrado como fato estabelecido, porém, a questão de sua veracidade ainda precisa ser corroborada. Um livro pode ser genuíno quanto a sua autoria, e, contudo, não ser crível quanto ao seu conteúdo. Por exemplo, entre as obras de ficção, possuímos as de Dickens, Shakespeare e Stevenson, com provas incontestáveis de sua autoria.
Nenhuma pessoa inteligente, entretanto, tentaria estabelecer a veracidade de suas narrativas. São universalmente reconhecidas como ficção. Seria esse o caso da Bíblia, ou ela é ao mesmo tempo genuína e veraz?
b - 2 - Provas - A veracidade de qualquer afirmação ou série de afirmações pode ser testada mediante comparação com fatos, desde que tais fatos estejam disponíveis. A veracidade das afirmações bíblicas pode ser e tem sido testada mediante fatos descobertos pela investigação cientifica e pela pesquisa histórica.

01 - Estabelecida por considerações negativas
(1) Não contradizem quaisquer fatos científicos bem estabelecidos. Quando corretamente interpretadas, suas afirmações se harmonizam com todos os fatos conhecidos a respeito da constituição física do universo e com o mistério dos mundos planetário e estelar, com a constituição do homem e com sua complexa natureza e seu ser; com a natureza dos animais inferiores, e com suas várias espécies na escala da existência, com a natureza das plantas, e com o mistério da vida vegetal, e com a constituição da terra e suas formas e forças materiais.
Freqüentemente é levantada a questão da exatidão cientifica das afirmações bíblicas. Algumas vezes essa questão é alijada com a alegação que a Bíblia não é um livro cientifico. Apesar, porém, de ser verdade que a Bíblia não tem como tema uma questão secundária como a ciência natural, mas antes, trata da história da redenção, inclui, contudo, em seu escopo, todo o campo da ciência. Em todas as suas afirmações, portanto, a Bíblia deve falar e realmente fala da exatidão.
(2) Não contradizem as conclusões filosóficas geralmente apoiadas concernentes aos fatos do universo. A Bíblia se opõe a certo número de conceitos filosóficos do mundo e refuta-os: o ateísmo, politeísmo, o materialismo, o panteísmo e a eternidade da matéria (Gn. 1.1); porem, não entra em conflito ou debate com aqueles pontos de vista que tem sido provado como cientificamente sadios.

02 - Estabelecida por considerações positivas
02 - 1 - Integridade topográfica e geográfica - As descobertas arqueológicas provam que os povos, os lugares e os eventos mencionados nas Escrituras são encontrados justamente onde as Escrituras os localizam, no local exato e sob as circunstancias geográficas exatas descritas na Bíblia.
O Dr. Kyle diz que os viajantes não precisam de outro guia além da Bíblia quando descem pela costa do mar Vermelho, ao longo do percurso seguido no Êxodo, onde a topografia corresponde exatamente a que é dada no relato bíblico.
“Sir William Ramsey, que iniciou suas explorações na Ásia Menor como pessoa que duvidava da historicidade do livro de Atos, dá testemunho da sua maravilhosa exatidão quanto às particularidades geográficas, conhecimento das condições políticas, que somente alguém vivo naquela época e presente em cada localidade poderia saber. Ficou ele tão impressionado com esses fatos que se tornou ardente advogado da historicidade do livro de Atos”.
                                             Hamilton.
02 - 2 - Integridade etnológica ou racial - Todas as afirmações bíblicas concernentes às raças a que se referem, tem sido demonstradas como harmônicas com os fatos etnológicos revelados pela arqueologia. 
“Trata-se de fato bem confirmado pela pesquisa arqueológica que, sempre que as Escrituras mencionam um povo ou suas relações raciais ou seus costumes, ou afirmam que governam ou serviam outras nações, ou se trate de outro fato qualquer, pode-se confiar que essas afirmações estão exatamente de acordo com as revelações da arqueologia. Por conseguinte, a única teoria que um historiador pode sustentar, em fase de tais fatos, é que o autor da genealogia dos povos, em Gênesis 10, deve ter tido diante de si, quando escrevia, informações originais de primeira ordem.”
Hamilton.
02 - 3 - Integridade cronológica - A identificação bíblica de povos, lugares e acontecimentos com o período de sua ocorrência é corroborada pela cronologia séria e pelos fatos revelados pela arqueologia. A Bíblia possui um sistema real pelo qual fica demonstrado como correto o período ao qual é atribuído cada acontecimento, ficando também demonstrado que a ordem dos acontecimentos é a ordem correta de sua ocorrência, e que as circunstâncias acompanhantes são corretamente colocadas no tempo e dispostas.
Os primeiros elementos de uma história digna de confiança são encontrados nos documentos bíblicos.  Os lugares onde se afirma que os acontecimentos ocorreram, são localizados com exatidão, os povos mencionados nesta ou naquela localidade, estavam realmente ali, e o tempo dos acontecimentos registrados é o tempo exato em que devem ter acontecido. Isso fornece o arcabouço da história inteira do Antigo Testamento.
02 - 4 - Integridade histórica - I - O registro bíblico dos nomes e títulos dos reis estão em harmonia perfeita com os registros seculares, conforme estes tem sido trazidos à luz pelas descobertas arqueológicas.  O Dr. R. D. Wilson, professor de línguas semíticas, diz que os nomes de quarenta e um dos reis citados nominalmente no Antigo Testamento, desde o tempo de Abraão até o fim do período do Antigo Testamento, também são encontrados nos documentos e inscrições contemporâneas, escritos no tempo daqueles reis e geralmente sob orientação dos mesmos, em seus próprios idiomas.
02 - 5 - Integridade histórica - II - A aceitação pela Igreja em toda a era cristã, dos livros incluídos nas Escrituras que hoje possuímos, representa o endosso de sua integridade.
a. Existem concordância de exemplares impressos, do Antigo e do Novo Testamento datados de 1488 e 1516 d.C., com exemplares impressos atuais das Escrituras. 
“Esses exemplares impressos, ao serem comparados, concordam nos seus aspectos principais com as Escrituras impressas que possuímos hoje em dia, e assim provam, de uma só vez, que tanto o Antigo como o Novo Testamento, na forma em que os possuímos agora, já existiam há quatrocentos anos passados”.
Evans.
b. A aceitação da integridade canônica a base de 2000 manuscritos bíblicos possuídos por um erudito do século XV, em confronto com a aceitação de escritos seculares a base de uma ou duas dezenas de exemplares.  Quando essas Bíblias foram impressas, certo erudito tinha em seu poder mais de 2000 manuscritos. Kennicott reuniu 630 manuscritos e De Rossi mais 743, para a edição critica da Bíblia hebraica.
Acima de 600 outros manuscritos foram coligados para a edição no Novo Testamento grego. Esse número é sem dúvida suficiente para estabelecer a genuinidade e autenticidade do texto sagrado e, tem servido para restaurar ao texto sua pureza original, nos fornecendo também absoluta certeza e proteção contra corrupções futuras. 
“A maioria desses manuscritos foram escritos entre 1000 e 1500 d.C. Alguns remontam ao século IV. O fato de não possuirmos manuscritos anteriores ao século IV explica-se sem dúvida pela destruição em massa dos livros sagrados no ano 302 d.C. por ordem do Imperador Diocleciano.”
Evans.
c. Confirmação por parte das quatro Bíblias mais antigas, datadas entre 300 e 400 d.C. e escritas em diferentes partes do mundo, que em conjunto contém as Escrituras como as possuímos atualmente.  O conteúdo verídico das Escrituras tem sido plenamente comprovado apelando-se para os registros seculares e para os fatos reais revelados pela pesquisa cientifica.
                       
3 - A presente posição quanto ao Cânon do Novo Testamento (resumo)
Já no século XVI d. C., tanto protestantes quanto católicos, após grande debate sob as mais diversas formas, confirmaram a sua aderência a tradição canônica, e, a Igreja Romana ainda mais recentemente reafirmou a sua aderência à mesma.
O Protestantismo conservador, igualmente, continua a usar o cânon recebido pela tradição, e até mesmo os representantes da Teologia Liberal não promulgam dogma contrário a isso. Sem dúvida alguma, em face da moderna pesquisa bíblica e do novo reconhecimento à autoria não-apostólica, que alguns eruditos, pelo menos, se sentem obrigados a reconhecer a respeito de alguns documentos neo-testamentarios, precisamos compreender de novo os fatores e motivos que sublinham o processo histórico aqui esboçado.
A inclusão de documentos no Cânon é a maneira da Igreja Cristã reconhecer a autoridade dos mesmos. Nos tempos mais primitivos não havia Cânon devido à presença dos apóstolos ou seus discípulos e por causa das tradições orais vivas, mas, nos meados do segundo século os apóstolos já eram mortos; porém, suas memórias e outros monumentos atestam sua mensagem, ao mesmo tempo levantara-se a heresia, e, visto que a heresia apelava ou para a teoria teológica ou para uma continuação do dom da inspiração, tornou-se necessário um novo apelo à autoridade ortodoxa e uma definição mais exata sobre os livros autoritativos. Assim é que o quádruplo evangélico e o conjunto Paulino que já eram largamente usados foram declarados escritos bíblicos, juntamente com algumas outras obras que não reivindicam autoria apostólica.
Tanto a discussão como o desenvolvimento doutrinário e erudito deram prosseguimento ao processo de reconhecimento, até que, na grande era da cristalização intelectual e eclesiástica do cristianismo, foi completado o Cânon. Foram empregados três critérios, quer no segundo quer no quarto século, a fim de ficar estabelecido que os documentos escritos são o registro verdadeiro da voz e da mensagem do testemunho apostólico.
1º - Atribuição aos apóstolos - esse não se adapta a todos os casos; Evangelhos tais como os de Marcos e de Lucas foram aceitos como obras de associados íntimos dos apóstolos.
2º - Uso eclesiástico - Isto é, reconhecimento por uma igreja liderante ou por uma maioria de igrejas. Assim foram rejeitadas muitas obras apócrifas, algumas talvez inócuas e que continham até mesmo tradições autênticas das palavras de Jesus, ainda que também muitas invenções, visto que nenhuma delas tenha sido reconhecida por uma maioria de igrejas, ao que se saiba.
3º- Congruência com os padrões de sã doutrina - Quanto a isso, o quarto Evangelho, foi a princípio posto em dúvida, mas finalmente foi aceito; ou, para apresentar um caso contrário, o Evangelho de Pedro foi banido por Serapião de Antioquia por causa de suas tendências docéticas, a despeito de sua reivindicação de autoria apostólica.
Dessa forma, a história do desenvolvimento canônico das Escrituras do Novo Testamento demonstra ter sido uma coleção atribuída aos apóstolos ou seus discípulos, os quais, na opinião da Igreja dos primeiros quatro séculos de nossa era, eram com justiça assim reputados, visto que os discípulos declaravam e defendiam a doutrina apostólica, sendo assim considerados apropriados para o ensino público na adoração divina.
Aceitando esses três critérios como adequados, o Cristianismo Protestante Ortodoxo de nossos dias não vê motivo para rejeitar as decisões de gerações cristãs anteriores, e aceita o Novo Testamento como um registro completo e autoritativo sobre a revelação divina, declarada desde os dias antigos por homens escolhidos, dedicados e inspirados.

VI - Sua inspiração ou autoridade divina
“sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação, porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens [santos] falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo.”
(2ª  Pe. 1:20-21)
a - Significado - Por inspiração das Escrituras queremos dizer que os escritores foram de tal modo capacitados e dominados pelo Espírito Santo, na produção das Escrituras, que estas receberam autoridade divina e infalível. Há diferença entre a afirmativa da inspiração e a da integridade. Em referência a primeira, as Escrituras afirmam ser a palavra de Deus no sentido de que, suas palavras, embora escritas por homens e trazendo as marcas indeléveis de sua autoria humana, foram escritas não obstante, sob influência do Espírito Santo a ponto de serem também as palavras de Deus, a expressão adequada e infalível de Sua mente e vontade para conosco.
Embora o Espírito Santo não tenha escolhido as palavras para os escritores, é evidente que Ele as escolheu por intermédio dos escritores.
“Assim sendo, a credulidade da Bíblia significa somente que ela se situa entre os melhores registros históricos de produção humana, enquanto que a inspiração da Bíblia subentende que, ainda que se assemelhe a tais registros históricos pertence ela a uma categoria inteiramente distinta, e que diferentemente de todos os demais escritos, ela não é apenas geralmente digna de fé, mas não contém erros e é incapaz de erro, e que assim é porque se distingue absolutamente de todos os outros livros, visto que em si mesma, em cada uma de suas palavras é a própria palavra de Deus”.
Green.
a - 01 - Provas - Os sinais do que é divino sempre podem distinguir-se, visto que evidenciam aquilo que é acima do natural. Assim, as Escrituras se distinguem de todas as produções humanas pelo fato de possuírem características que formaram necessária, a sua classificação como sobrenaturais e divinas.
a - 02 - O testemunho da Arqueologia - A evidência corroborativa da pá e da picareta quanto à exatidão das Escrituras.
O testemunho da arqueologia, quanto à veracidade ou integridade das Escrituras também pode ser considerado como evidencia que corrobora sua inspiração. Se as Escrituras devem ser reputadas como declarações da verdade, sem, qualquer mistura de erro, então seu testemunho a respeito de sua própria inspiração pode ser aceito como digno de confiança.
As citações abaixo ilustram o testemunho da arqueologia quanto à exatidão dos registros bíblicos.
“Há quem imagine que a história de Abraão não deve ser crida mais que a historia de Aquiles, de Enéas ou do rei Arthur, mas a verdade é que tem sido trazidos a luz documentos escritos no tempo de Abraão e na terra onde ele cresceu. Foi descoberta a cidade onde ele nasceu, os detalhes de sua viagem ao Egito conforme se conhece agora dão as evidencias de historicidade, e temos provas grandemente confirmatórias a respeito de sua famosa batalha contra os reis confederados, mencionada em Gn. 14. Até mesmo Melquisedeque, com quem Abraão se encontrou, não é mais o mistério que era conforme demonstram as tabuinhas de barro de Tel el-Amarna.”
Gray.
“A cidade tesouro, Píton, edificada para Ramsés II, pelo trabalho escravo dos hebreus, durante o tempo de sua dura escravidão no Egito (Ex. 1.11), foi recentemente desenterrada perto de Tel-El-Kebir; e as paredes das casas, segundo se verificou, foram feitas de tijolos secos ao sol, alguns com palhas e outros sem palhas, exatamente de acordo com Ex. 5.7, escrito há 3500 anos: “Daqui a diante não torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolo...”.
Collett.
b - Como definir
A doutrina da inspiração, biblicamente falando, é relativamente simples, mas em função do surgimento de novas heresias, criou-se a necessidade de proteger a doutrina certa com posições detalhadas e completas. Refutando tais heresias, afirmamos que a inspiração das Escrituras é:
b. 1 - Divina e não humana - O movimento modernista identifica a inspiração Bíblica com o mesmo esclarecimento espiritual e sabedoria com os quais foram dotados homens como: Platão, Sócrates, Shakespare e outros gênios versados com os mais diversos tipos de cultura.
A inspiração dessa forma seria considerada apenas uma coisa natural. Essa teoria rouba da palavra inspiração todo o seu significado e não combina, em absoluto, com o caráter divino, sobrenatural e único da Palavra de Deus.
b. 2 - Única e não comum - Alguns confundindo o significado da palavra inspiração acreditam que, o esclarecimento espiritual que alguns possuem, principalmente por manterem uma vida religiosa, ou por ser ele prometido aos cristãos e ainda hoje experimentado por eles seja o mesmo que inspiração . Mas isto não é verdade. O esclarecimento e a inspiração se diferem em alguns aspectos de forma bem especifica as quais destacamos:
a) Quanto à duração, o esclarecimento é, ou pode ser, permanente. “Porém a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv. 4:18). A unção que o crente recebeu do Espírito Santo, permanece nele, diz o apóstolo João, (1ª Jo. 2:20-27). Por outro lado à inspiração, também era intermitente; o profeta não podia profetizar a vontade, porém estava sujeito a vontade do Espírito (2ª Pe. 1:21). Que a inspiração profética viesse repentinamente está implícita na expressão comum: “A palavra do Senhor veio” a este ou àquele profeta. Uma distinção clara se faz entre os verdadeiros profetas que profetizam unicamente quando lhes vem a palavra do Senhor, e os falsos profetas que proferem uma mensagem de sua própria invenção. (Jr. 14:14; 23:11,16; Ez. 13:2,3)
b) O Esclarecimento admite a graduação, enquanto a inspiração não admite graduação alguma. Varia de pessoa para pessoa o grau de esclarecimento, mas no caso da inspiração, no sentido bíblico, a pessoa ou recebeu ou não recebeu a inspiração.
b. 3 - Completa e não somente parcial - Segundo a teoria da inspiração parcial, os escritores seriam preservados dos erros, somente em questões inerentes à salvação dos homens, mas não nas matérias tais como: ciência, história, cronologia e outras semelhantes. Para os defensores da inspiração parcial das escrituras, seria mais correto dizer que “A Bíblia contém a Palavra, em lugar de dizer que ela é a Palavra de Deus”.
Crer nesta teoria significa cair num pântano de incertezas, pois quem pode, sem equivoco, julgar o que é e o que não é essencial para salvação? Onde está a autoridade infalível que decida qual parte é ou qual não é a Palavra de Deus? As Escrituras mesmas reivindicam para si a inspiração plenária, Cristo e seus apóstolos aplicaram o termo “Palavra de Deus” a todo o Antigo Testamento.
b. 4 - Viva e não mecânica - Inspiração não significa ditado, no sentido de que os escritores fossem passivos, sem que suas faculdades tomassem parte no registro da mensagem, embora sejam algumas porções das Escrituras ditadas, como por exemplo, os Dez Mandamentos. A própria palavra inspiração exclui o sentido de ação meramente mecânica, e a ação mecânica exclui qualquer sentido de inspiração. Não obstante seja a Palavra de Deus, é ao mesmo tempo em certo sentido, a palavra de Moisés, ou de Paulo.
No que tange as Escrituras, podemos dizer que: “Deus nada fez a não ser pelo homem; o homem nada fez, a não ser por Deus. É Deus quem fala no homem, é Deus quem fala pelo homem, é Deus que fala como homem, é Deus quem fala a favor do homem”. O entrosamento do espírito do homem e o Espírito de Deus é um mistério demasiado grande, mesmo para o mais sábio dos sábios!

VII - Autoridade da Bíblia
Quanto a sua referência pessoal, autoridade é o direito e a capacidade de um indivíduo realizar aquilo que determina, e que, em virtude de sua posição ou cargo, pode exigir obediência. Além disso, aplica-se as palavras faladas ou escritas, cuja exatidão tem sido estabelecida e em cujas informações, portanto, pode-se confiar. 
No Novo Testamento, a palavra grega exousia às vezes é traduzida “direito” ou “poder” (Mt. 9.6; Jo. 1.12; 17.2; 19.10), e às vezes “autoridade” (Mt. 7.29; 8.9; 21.23; Jo. 5.27; At. 9.14). O que emerge das suas várias ocorrências é que possuir exousia é possuir um poder que se mantém pelo próprio direito. Em alguns contextos, a ênfase recai sobre a autoridade que a retenção do poder outorga por direito, em outras ocasiões, recai sobre a realidade que condiciona o uso correto da autoridade.
A autoridade pode ser atribuída ou inerente. Quando perguntaram a Jesus com que autoridade Ele ensinava e agia (Mt. 21.23-24), a implicação era que a Sua autoridade era externa. Aqueles que lhe interrogavam supunham que Ele meramente exercia uma autoridade representativa ou conferida. Por outro lado, na declaração de que Jesus ensinava com autoridade (Mt. 7.29) e que “com autoridade e poder” expulsava espíritos imundos (Lc. 4.36) o ponto central de tal autoridade estava no Seu próprio ser. Era, por assim dizer, uma autoridade ontológica.
Por isso, embora a autoridade das suas palavras e ações não fosse dEle mesmo, mas dAquele que O enviou (Jo. 14.10; 17.8), estas mesmas palavras e atos tinham na Sua própria pessoa sua razão de ser, porque se fundamentava no Seu relacionamento de filho com Deus, seu Pai.
Como no caso de Cristo, em que dois aspectos da autoridade, o outorgado e o inerente se combinavam, assim acontece com a Bíblia. Pelo fato de apontar além de si mesma para Deus, ela tem uma autoridade conferida. Além disso, a Bíblia tem uma autoridade verdadeira dentro de si mesma como a concretização autêntica da auto-revelação de Deus. Os teólogos liberais negam à Bíblia esta autoridade ontológica, e concedem-lhe, no máximo, uma autoridade emprestada.
Alguns, como Karlt Barth, aceitam que esta autoridade foi outorgada por Deus, mas, ao mesmo tempo, insiste em dizer que a própria Bíblia é essencialmente uma produção humana. Outros, Rudolph Bultmann e Paul Tillich, consideram que a Bíblia é uma coletânea falível de escritos religiosos sobre a qual a Igreja Primitiva arbitrariamente impôs uma autoridade que a piedade evangélica continuou a sustentar.
Mas, ao negar a Bíblia uma autoridade ontológica, a Teologia Liberal desmascara sua própria inconsistência fundamental, pronunciando assim, a sua própria condenação. Porque, enquanto ela deseja a aceitação das suas próprias especulações não-bíblicas tem que desfazer a autoridade da Bíblia, mas, quando ela se preocupa em manter para si o rotulo de “cristã”, apela para a Bíblia como fonte autorizada.
Uma abordagem do assunto da autoridade bíblica deve começar com o próprio Deus, porque nEle se localiza toda autoridade em última análise. Ele é Sua própria autoridade, porque nada há fora dEle em que Sua autoridade esteja, fundamentada. Assim, ao fazer Sua promessa a Abraão, Ele jurou pelo Seu próprio nome, pelo fato de não ter ninguém maior pôr quem jurar (Hb. 6.13). esta autoridade de Deus, portanto, é a autoridade daquilo que Deus é. Mas o que Deus é torna-se conhecido na Sua auto-revelação, visto que somente na Sua revelação Ele pode ser conhecido. A revelação, portanto, é a chave da autoridade de Deus, de modo que as duas coisas, a revelação e a autoridade podem ser consideradas dois lados da mesma realidade. Na revelação, Deus declara a Sua autoridade.
Os profetas do Antigo Testamento acharam a sua certeza na revelação de Deus. Ao pronunciar a sua mensagem, sabiam que estavam declarando a vontade autorizada de Deus. Como embaixadores de Deus, proclamando aquilo que Deus requeria do Seu povo. Para a fé cristã, Cristo é conhecido como a revelação final de Deus. Nele, a autoridade imperial de Deus é expressa de modo mais gracioso. Portanto, Cristo é a suma de tudo quanto é divinamente autorizado para a vida do homem. Mas, este desvendar progressivo de Deus, que culminou em Cristo, recebeu uma forma perpétua nos escritos bíblicos. As Escrituras, conseqüentemente, participam da autoridade de Deus, de modo que o relacionamento de Cristo com elas é decisivo para autenticar a autoridade delas.
Jesus interpretou “todas as Escrituras” do Antigo Testamento como esboço profético daquilo que Ele veio realizar, e entendeu que a própria linguagem dela era a expressão natural, e ao mesmo tempo sobrenatural, da vontade do Seu Pai. Mediante a Sua atitude para com o Antigo Testamento e o uso que fez dele, Cristo realmente validou a divindade das Escrituras. 
Com a mesma convicção da autoridade divina, os escritores do Novo Testamento aceitaram-na e a citaram; á luz dele, eles mesmos, como os intérpretes inspirados da significância salvifica da pessoa e da obra de Cristo, colocaram seus próprios escritos em pé de igualdade com as Escrituras do Antigo Testamento como divinamente autorizados.
Nas palavras dos seus apóstolos eleitos, a plena medida da revelação de Deus em Cristo foi completada, de modo que Paulo podia declarar: “Falamos em Cristo perante Deus” (2ª  Cor. 12.19). Desta forma os apóstolos reivindicam uma autoridade absoluta para seus escritos (2ª  Cor. 10.11, 1ª  Ts. 2.13-; 5.27; 2ª Ts. 2.15; 3.14).
A autoridade da Bíblia é estabelecida pôr suas próprias reivindicações. Ela é a palavra de Deus. declarações tais como, “Assim diz o Senhor”, ou o seu equivalente, ocorrem tão freqüentemente no Antigo Testamento que podemos afirmar com confiança que o relato inteiro é dominado pôr esta reivindicação. Os escritos do Novo Testamento sempre se referem a estas passagens dizendo que Deus é a origem delas.
No próprio Novo Testamento, tanto Cristo quanto o evangelho são chamados “a Palavra de Deus”, demonstrando, assim, que a ligação entre os dois é vital e necessária. O evangelho, especificamente no seu conteúdo central e em muitos aspectos, mediante a atuação do Espírito Santo, é colocado em forma escrita pelas pessoas nomeadas pôr Cristo, como a palavra autorizada de Deus para a Igreja no mundo. Os dois Testamentos, portanto, pertencem juntos com o nome: “a palavra de Deus”. Portanto, como a Palavra de Deus.

É a Escritura da verdade. No Antigo Testamento, a palavra hebraica “émet”, traduzida por “verdade” nas nossas versões bíblicas e freqüentemente por “fidelidade”, na versão Revista e Atualizada de Almeida (Dt. 32.4; Sl. 108.4; Os. 2.20), é constantemente registrada como predicado de Deus. Deus é verdadeiro e totalmente fiel (Sl. 117.2), esta fidelidade total de Deus garante que Ele é completamente fidedigno. Esta veracidade de Deus passa a ser um atributo daquilo que Deus é em Si mesmo para caracterizar todas as Suas obras (Sl. 57.3) e especialmente a Sua Palavra.
Assim, a Sua Palavra é verdadeira e fiel (Sl. 119.89). A totalidade do Antigo Testamento, portanto, como “a Palavra de Deus” deve ser designada “a escritura da verdade” (Dn. 10.21). Ela participa do próprio caráter de Deus, da veracidade fundamental dAquele que se declara “não um homem, para que mentisse” (Nm. 23.19; 1º Sm. 15.29; Sl. 89.35).
 O Salmo 31.5 declara que o Senhor é o Deus da verdade, ao passo que o Salmo 119.160 afirma que Sua Palavra é a Palavra da Verdade. Nos dois trechos emprega-se o mesmo termo hebraico. A mesma verdade, portanto, é o predicado de Deus e da Sua Palavra.
No Novo Testamento, a palavra aletheia tem o mesmo significado fundamental de autenticidade e veracidade, em contraste com aquilo que é falso e inconfiável. Assim, Deus é verdadeiro (1ª Jo. 5.20; Jo. 3.33; 7.28; 8.26; 17.3; 1ª Ts. 1.9) e veraz (Rm. 3.7; 15.8). E como Deus é, assim também é a Sua Palavra é a verdade. A sua Palavra é a verdade (Jo. 17.17). O evangelho é apresentado com palavras verazes (2ª Cor. 6.7; Cl. 1.5; Tg. 1.18), e a verdade do evangelho (Gl. 2.25) é idêntica a verdade de Deus (Rm. 3.7).
A Bíblia é, portanto, o livro da verdade de Deus, e esta verdade, conforme diz o Catecismo de Westminster, é “verdade infalível”. Da mesma forma que é totalmente fidedigna no que diz respeito à verdade, assim também deve ser totalmente confiável no que concerne aos seus fatos. Sendo as duas coisas, ela é a nossa autoridade em todas as coisas pertencentes à vida e a piedade.

Importante
As Escrituras em forma escrita são nossa autoridade final
É importante salientar, que a forma final em que as Escrituras permanecem como Autoridade é a forma escrita.
Foram as palavras de Deus escritas em tábuas de pedra que Moisés depositou na Arca da Aliança. Mais tarde, Deus ordenou a Moisés e aos profetas que o seguiram que escrevessem suas palavras em um livro, e foi a Escritura em forma escrita (graphe) que Paulo disse ser “inspirada por Deus” (2ª  Tm. 3:16), etc.
Isso é importante porque às vezes encontramos pessoas que intencionalmente ou não tentam substituir a palavra escrita por palavras que, segundo eles, se encaixam melhor, ou ainda por existirem aqueles que alegando saber “o que Paulo realmente pensava” mesmo que isso seja diferente do significado das palavras que ele escreveu, acham uma palavra melhor para defender seu pensamento. 
Nestes ou em outros casos, devemos admitir que examinar palavras ou situações que estão “por traz” do texto bíblico às vezes pode nos ajudar a entender ou interpretar o texto. Porém, nossas reconstruções hipotéticas dessas palavras ou situações, não podem nunca substituir a própria Escritura nem competir com Ela como autoridade final, nem ainda devemos permitir que jamais contradigam ou coloquem em duvida a exatidão de quaisquer palavras das Escrituras.
Devemos sempre nos lembrar de que nas Escrituras, temos as verdadeiras palavras de Deus e não devemos procurar “melhorá-las”, pois isso é impossível

VIII - A inerrância e a infalibilidade da Bíblia
“Quando as Escrituras falam, Deus fala...
 Lutero
A questão da autoridade é central para qualquer teologia. Visto que a Teologia Protestante tem focalizado a autoridade da Bíblia, a natureza desta autoridade tem sido uma preocupação fundamental. A reforma passou para seus herdeiros a crença de que a derradeira autoridade, não se acha na razão nem no papa, mas nas Escrituras inspiradas. Pôr isso, dentro do protestantismo conservador, a questão da inerrância tem sido muito debatida. As duas palavras mais comumente usadas para expressar a natureza da autoridade bíblica são inerrante” e infalível”. 
Embora estes termos sejam aproximadamente sinônimos com base na etimologia, são usados de modo diferente. Na teologia catolica-romana, “inerrante” é aplicado a Bíblia, e “infalível” a Igreja, especialmente a função do papa e do magisterium.

1 - Definição de inerrância
A inerrância é o ponto de vista de que, quando todos os fatos forem conhecidos, demonstrarão que a Bíblia, nos seus autógrafos originais e corretamente interpretadas, é inteiramente verdadeira, e nunca falsa, em tudo quanto afirma, querem no tocante a doutrina e a ética, quer ás ciências sociais, físicas ou biológicas. 
Além disso, a inerrância aplica-se a todas as partes da Bíblia conforme foram originalmente escritas. Isto significa que todo manuscrito ou cópia atualmente existente das Escrituras, não importa quão exato seja, pode ser chamado de inerrante.
Essa definição relaciona a inerrância com a Hermenêutica. A Hermenêutica é a ciência da interpretação bíblica. É necessário interpretar corretamente um texto, e saber seu significado certo, antes de asseverar que o que um texto diz é falso. Além disso um principio-chave da Hermenêutica ensinada pelos reformadores é a analogia da fé, que exige que as contradições aparentes sejam harmonizadas, se assim possível.
Se, aparentemente, uma passagem permite duas interpretações, sendo que uma delas entra em conflito com outra passagem, e a outra não, então a última interpretação deve ser adotada.
2 - Argumentos a favor da inerrância
Os argumentos primários a favor da inerrância são: bíblicos, históricos e epistemológicos.
a - Argumento bíblico - No centro da crença numa Bíblia inerrante e infalível está o testemunho da própria Escritura. Há alguma discórdia quanto a se as escrituras ensinam esta doutrina explicita ou implicitamente. O conselho de opinião hoje é que a inerrância é ensinada de maneira implícita pois:
ª1) Em primeiro lugar, a Bíblia ensina sua própria inspiração, e isto requer inerrância. As escrituras são o sopro de Deus (2ª  Tm. 3.16), o que garante que estão sem erro.
ª2) Em segundo lugar, em Dt. 13.1-5 e 18.20-22, Israel recebe critérios para distinguir a mensagem de Deus e o Seu mensageiro das falsas profecias e profetas. Uma marca da mensagem divina é a veracidade total e absoluta. Um paralelo válido pode ser feito entre o profeta e a Bíblia.
A palavra do profeta geralmente era oral, mas também podia ser registrada e incluída num livro, os autores das Escrituras comunicaram a Palavra de Deus na forma escrita. Os dois eram instrumentos da comunicação divina e, em ambos os casos, o elemento humano era ingrediente essencial.
ª3) Em terceiro lugar, a Bíblia ensina a sua própria autoridade, e isto requer inerrância. As duas passagens mais comumente citadas são Mt. 5.17-20 e Jo. 10.34-35. As duas registram as palavras de Jesus. Na primeira, Jesus disse que o céu e a terra passarão antes de mínimo pormenor da lei deixar de ser cumprido.
b - Argumento Histórico - Um segundo argumento a favor da inerrância bíblica é que, esta tem sido a opinião da Igreja no decurso de toda sua história. Aqueles que rejeitam a inerrância, argumentam que esta doutrina é uma inovação.  Porém, devemos nos lembrar de que, a inerrância fazia parte da doutrina ortodoxa total e, em cada período da história da Igreja pode-se citar exemplos nítidos daqueles que afirmam a inerrância.
Esta doutrina a meu ver, surgiu de uma necessidade apologética. Na Igreja Primitiva, Agostinho descreve: “Aprendi a dar este respeito e honra somente aos livros canônicos da Escritura, somente acerca destes é que creio com muita firmeza que os autores estavam completamente livres de erro”.
c - Argumento Epistemológico - Pôr haver diferenças entre as epistemologias, este argumento tem sido formulado de pelo menos duas maneiras bem diferentes. Para alguns, reivindicações de conhecimento devem, para serem justificados, ser indubitáveis ou incorrigíveis.
Não basta que uma crença seja verdadeira e criada por bons motivos. Deve estar além de dúvidas e questionamentos. Para uma epistemologia deste tipo, a inerrância é essencial. A inerrância garante o caráter incorrigível de toda declaração nas Escrituras. Pôr isso, o conteúdo das Escrituras pode ser objeto de conhecimento.  Para outros cujas epistemologias não exigem um padrão alto de certeza, temos o seguinte argumento à cerca da inerrância da bíblia. Se a Bíblia não é inerrante, qualquer alegação que faz pode ser falsa.
Isto não significa, que todas as alegações realmente são falsas, mas que algumas delas podem ser falsas. O argumento Epistemológico tem sido caracterizado por alguns como um exemplo de crença exagerada. Se houvesse um único erro na Bíblia, este não deveria levar a pessoa concluir que a Bíblia não contém verdade algum, pois se alguém descobrir que seu conjugue está errado em alguma coisa, seria incorreto concluir que não se pode confiar no conjugue em coisa nenhuma.
Mas uma parte tão grande da Bíblia está além da verificação direta. Logo, somente a sua inerrância pode garantir a quem a conhece, que sua confiança nela é justificada.

Apêndice
Autoridade na Bíblia - Autoridade é o conceito do poder licito. É emprestada na Bíblia com bastante elasticidade. Embora o termo “autoridade” pôr si não seja usado a respeito de Deus no Antigo Testamento, como o é no Novo Testamento (usualmente como tradução de exousia), a pressuposição que permeia os dois testamentos é que somente Deus é autoridade última e que somente Ele é a verdadeira fonte de autoridade para outros.
1 - Autoridade de Deus - Seu domínio soberano (Ex. 15.18; Jó 26.12; Sl. 29.10; 47; 93.1-2; 95.3-5; 103.19; 146.10; 147.5; Is. 40.12; 50.2). Pôr Sua autoridade, Ele tem determinado tempos ou épocas (At. 1.7) e “segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra” (Dn. 4.34-35). esta autoridade sobre os homens é comparada como a de um oleiro sobre o seu barro (Rm. 9.20-23). Tão definitiva é a autoridade de Deus que toda a autoridade entre os seres humanos vem somente dEle (Rm. 13.1).
Autoridade de Deus inclui não somente a autoridade da providência e da história, como também a exigência da submissão e da prestação de contas pelo homem, expressada, pôr exemplo, no jardim do Éden, nos Dez Mandamentos, no evangelho e suas exigências evangélicas. Inerente a autoridade de Deus é o poder temível de lançar no inferno aquele que não lhe presta reverência (Lc. 12.5) e o poder glorioso de perdoar os pecados declarar justos os que estão em Cristo (Rm. 3.21-26). No dia da ira e da misericórdia divina, a devida autoridade de Deus como Criador (Ap. 4.11) e como redentor em Cristo (Ap. 5.12-13) será reconhecida de modo indiscutível.
2 - A Autoridade de Jesus Cristo - Como o Deus-homem, o Filho de Deus encarnado, Jesus Cristo manifesta a Sua autoridade em um aspecto duplo. Pôr um lado, Sua autoridade é dAquele que é Filho de Deus e nEle ela é intrínseca e não derivada. Pôr outro lado, como Filho encarnado, que é o Filho do homem, Ele age em submissão e obediência ao Pai. Assim, Ele pode dizer de um só fôlego a respeito dos Seus planos para entregar a Sua vida: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la”.
E; este mandato, recebi de meu Pai” (Jo. 10.18). Mas porque a Sua vida, como prometido Filho do homem é uma vida de agir em nome de Deus, como Seu representante, em favor dos homens, como quem também é homem (Dn. 7.13-14), Jesus quase sempre fala da Sua autoridade em termos de agir em nome de Deus Pai.
Agindo, ele exerce todas as prerrogativas de Deus - Ele perdoa os pecados (Mc. 2.5-8), cura (Mc. 1.34), expulsa demônios (Mc. 1.27), controla o poder da natureza (Lc. 8.24-25), ressuscita os mortos (Lc. 7.11-17; Jo. 11.38-44), ensina com autoridade (Mt. 7.28-29), “Eu, porém vos digo” (Mt. 5.21-48) e exige que os homens se submetam a Sua autoridade tanto na terra (Lc. 14.25-35) quanto no juízo (Mt. 7.22-23). Como Filho obediente, Ele reconhece e segue a Palavra do Seu Pai, as Escrituras, e a Elas apela como autoridade final (Mc. 4.1-10; 22.23-46; Jo. 10.33-36).
Mediante a vitória de Cristo sobre o pecado e a Sua morte e ressurreição, a autoridade usurpada do maligno e dos seus anjos é quebrada (Hb. 2.14-14; 1 Jo. 3.8; Cl. 2.15). Assim, toda a autoridade no céu e na terra é dada para Cristo exercer no Seu papel messiânico (Mt. 28.18-20) até que tenha completado a Sua tarefa de, finalmente, subjugar todos os inimigos de Deus e entregar o reino a Deus Pai (1ª Cor. 15-24-28). Neste ínterim, Cristo exerce liderança e autoridade de modo providencial sobre todas as coisas para o bem da Sua igreja (Ef. 1.20-23).  Com uma autoridade redentora que capacita além de ordenar, Ele exige com autoridade tanto a evangelização de todas as nações quanto à obediência a todos os Seus mandamentos (Mt. 18.19-20; At. 1.8; Rm. 6.1; 8.1, Fp. 2.12-13).
3 - A Autoridade dos Apóstolos - A autoridade de Deus é exercida no Antigo Testamento não somente pôr vários meios diretos como também através daqueles a quem Ele deu autoridade para agir em Seu nome - os sacerdotes, profetas, juizes e reis. No Novo Testamento, a autoridade do Pai, e especialmente a de Jesus Cristo, é expressa de modo sem igual através dos apóstolos, que são, pôr definição, os embaixadores diretos e pessoais de Jesus Cristo (Mt. 10.1,40; Mc. 3.14; Jo. 17.20; 20.21; At. 1-18; 2ª Cor. 5.20; Gl. 1.1; 2.8), falando e agindo com a Sua autoridade (Gl. 1.11; 2.7). Eles declaram que falam em nome de Cristo e sob a orientação do Espírito, em termos tanto do conteúdo quanto da forma de expressão (1ª Cor. 2.10-13; 1ª Ts. 2.13), que estabelecem a norma permanente para a fé (Gl. 1.8; 2ª Ts. 2.15) e para a conduta (1ª Cor. 11.2, 2ª Ts. 3.4,6,14), conforme é indicado também pela referência autoconsciente a todas as igrejas (1ª Cor. 7.17; 14.34), a ponto de designar suas decisões sobre uma questão como “o mandamento do Senhor” (1ª Cor. 14.37). 
Estabelecem a ordem ou o governo da Igreja de modo que um governo eclesiástico, muitas vezes, mas nem sempre designados como bispos, é universal no período do Novo Testamento, conforme é evidenciado não somente na reunião em Jerusalém (At. 15) como também nos vários escritos locais geográficos (At. 14.23; 1ª Tm. 3.1; 1ª Pe. 5.1, etc).
Lado a lado com esta liderança, um ministério diaconal é estabelecido pelos apóstolos (At. 6.1-6; Fp. 1.1; 1ª Tm. 3.8-13). Eles não somente determinavam a ordem na Igreja, como também preceituavam a disciplina em nome de Cristo e com a Sua autoridade (1ª 5.4; 2ª Ts. 3.6).
Agindo assim, funcionavam como alicerce da igreja (Ef. 2.20; 3.5; 1ª Cor. 12.28) que não tem sucessores e cuja autoridade fundamental foi fixada permanentemente pelos escritos que transmitiram, segundo o mandamento de Cristo, e, como cumprimento da Sua promessa, a verdade que Ele quer que a Igreja sempre ensine e obedeça (Jo. 14.26, 16.13). São reconhecidos, portanto, como autorizados lado a lado com “as demais escrituras” (2ª Pe. 3.15-16).
Várias esferas de autoridade - A Bíblia reconhece dentro das suas páginas varias esferas em que Deus confiou autoridade as mãos de líderes.
1 - Igreja - Cristo deu autoridade a certos homens para serem líderes (freqüentemente chamados presbíteros ou bispos) na Sua Igreja. A tarefa deles é pastorear a Igreja com amor e humildade, como servos de Cristo e do Seu povo (1ª Tm. 3.5; 1ª Pe. 5.1-4). Uma submissão amorosa a liderança deles é recomendada aos cristãos (1ª Ts. 5.12-13; Hb. 13.7-17).
2 - O casamento e a família - As mulheres, sendo iguais aos homens tanto na criação quanto na redenção (1ª Pe. 3.7, Gl. 3.28), pede-se que submetam aos seus próprios maridos como cabeças do lar pôr causa do padrão estabelecido pôr Deus na criação (1ª Cor. 11.3,8-9; 1ª Tm. 2.12-15; Ef. 5.22; 1ª Pe. 3.1-6). Tanto os maridos quanto às esposas são conclamados a contrabalançar os efeitos do pecado sobre esta autoridade ordenada pôr Deus, mediante a sua atitude e conduta. O marido exercendo a liderança com amor, honra e sem amargura (Ef. 5.28; Cl. 3.19; 1ª Pe. 3.7) e as esposas, com respeito, como ao Senhor, e com espírito manso (Ef. 5.22,33; 1ª Pe. 3.4). Os filhos são ordenados a obedecer aos seus pais (Ef. 6.1-3; Cl. 3.20) e a cuidar deles em tempos de necessidade (1ª Tm. 5.4).
3 - Governo Civil - Os cristãos devem reconhecer que Deus concedeu autoridade neste âmbito a aqueles que, pela Sua providência, “existem“ (Rm. 13.1; Jo. 19.11). Desta forma, estão conclamados a se sujeitarem devidamente ás autoridades civis (1ª Pe. 2.13-17), as quais são descritas como servos de Deus para refrear os malfeitores e para incentivar o bom comportamento (Rm. 13.1). Esta autoridade requer não somente a sujeição como também o pagamento de vários impostos, bem como o devido respeito e honra (Rm. 13.7).
4 - Outras autoridades na vida humana - O Novo Testamento reconhece instituições humanas que existem dentro da sociedade, dentre as quais o governo civil é o exemplo supremo. Sua palavra de instrução é de que os cristãos, pôr amor ao Senhor, submetam-se a toda instituição humana apropriada (1ª Pe. 2.13) Quando a autoridade humana é uma calara oposição a nossa lealdade a Deus, temos permissão para apelar à autoridade divina e obedecer-lhe, em contraste com a exigência de qualquer autoridade humana, porque em tal situação a estrutura da autoridade opôs-se de tal maneira que ela perde o direito a ter autoridade.  Antes importa obedecer a Deus do aos homens” .
5 - A autoridade de Satanás - O exercício do poder pelo maligno e pelos demônios também é considerado um poder ou autoridade, mas uma autoridade usurpada que é sujeita somente a derradeira autoridade de Deus (Lc. 4.6; At. 26.18; Cl. 1.13; Jó 1). Tais seres angelicais, chamados potestades ou poderes, foram desarmados por Cristo (Cl. 2.15), e não tem outro destino senão o da condenação final do diabo (Ap. 20.10).

Pr. Robson Alves dos Santos