quarta-feira, 8 de junho de 2011

SOMOS CONTRA O PLC 122/2006 - Por José Carlos da Silva - Presidente da CBN

SOMOS CONTRA O PLC 122/2006

As igrejas batistas nacionais espalhadas nas vinte e seis unidades da federação e no Distrito Federal, posicionam-se democrática e institucionalmente contrárias ao PLC 122/06, entendendo tratar-se de projeto tendencioso que visa suprimir direitos consumados como a liberdade de consciência e de expressão e a liberdade religiosa e de culto, e ainda, uma ameaça o princípio salutar da separação entre igreja e Estado.
Nós batistas temos lutado há quatro séculos pela liberdade, e desenvolvido internamente um modelo de governo que privilegia a tolerância, o diálogo e a democracia participativa. Temos, portanto direito e autoridade moral para nos posicionarmos contra todo tipo artifício que vise cercear nosso “modus vivendi”.

Não nos parecem subsistentes os argumentos apresentados pelos proponentes do PLC 122/06 para amparar um segmento da sociedade que a si mesmo se denomina GLBTT como se estivessem desassistidos por diversas leis que já criminalizam o preconceito. A lei em questão apresenta excessivo rigor ao que chama de comportamento “homofóbico”. O movimento GLBTT usa bem a mídia para divulgar sua causa, lança suspeição a maioria da população que exerce seu direito natural e legal de ser heterossexual e rotula de preconceituoso quem não concorda com eles.

Respeitamos a todos e entendemos por justiça a igualdade de direitos e deveres, bem como a supressão de privilégios de indivíduos ou grupos. Compreendemos que cabe ao Estado e a sociedade organizada proteger os menos favorecidos e os incapazes, assim como buscar a erradicação da miséria, da exclusão social, do analfabetismo e outros males que estratificam a população em classes economicamente muito distanciadas, privando muitos de acesso a educação, saúde e tecnologia.

Para afirmar nossa posição, basta leitura dos princípios defendidos pelos batistas há séculos. Não temos nada de novo a dizer sobre liberdade. Lembramos, porém, que a liberdade não é o único bem que defendemos. Lutamos também pela verdade, pela justiça do reino de Deus, e pela pregação do Evangelho de Jesus Cristo a todas as criaturas. Muitos cristãos foram e ainda são encarcerados. Muitos cristãos morreram e outros hoje são perseguidos por amor a Jesus. Se nos for dada liberdade para cumprir nossa missão, melhor. Se não, continuaremos a fazê-lo, mesmo sob risco, porém fiéis a Deus, que nos comissionou.

Pr. José Carlos da Silva
Presidente da CBN

PRINCIPIOS BATISTAS:

II – O INDIVÍDUO
Seu Valor
A Bíblia revela que cada ser humano é criado à imagem de Deus, é único, precioso e
insubstituível. Criado ser racional, cada pessoa é moralmente responsável perante Deus e o próximo. O homem como indivíduo é distinto de todas as outras pessoas. Como pessoa, ele é unido aos outros no fluxo da vida, pois ninguém vive nem morre por si mesmo. A Bíblia revela que Cristo morreu por todos os homens. O fato de ser o homem criado à imagem de Deus, e de Cristo morrer para salvá-lo, é a fonte da dignidade e do valor humano. Ele tem direito, outorgado por Deus, de ser reconhecido e aceito como indivíduo sem distinção de raça, cor, credo ou cultura; de ser parte digna e respeitada da comunidade; de ter a plena oportunidade de alcançar o seu potencial.
Cada indivíduo foi criado à imagem de Deus e, portanto, merece respeito e consideração como uma pessoa de valor e dignidade infinita.


2. Sua Competência
O indivíduo, porque criado à imagem de Deus, torna-se responsável por suas decisões morais e religiosas. Ele é competente, sob a orientação do Espírito Santo, para formular a própria resposta à chamada divina ao evangelho de Cristo, para a comunhão com Deus, para crescer na graça e conhecimento de nosso Senhor. Estreitamente ligada a essa competência está a responsabilidade de procurar a verdade e, encontrando-a, agir conforme essa descoberta e de partilhar a verdade com outros. Embora não se admita coação no terreno religioso, o cristão não tem a liberdade de ser neutro em questões de consciência e convicção.
Cada pessoa é competente e responsável perante Deus, nas próprias decisões e questões morais e religiosas.

3. Sua Liberdade
Os batistas consideram como inalienável a liberdade de consciência, a plena liberdade de religião de todas as pessoas. O homem é livre para aceitar ou rejeitar a religião; escolher ou mudar sua crença; propagar e ensinar a verdade como a entenda, sempre respeitando direitos e convicções alheias; cultuar a Deus tanto a sós quanto publicamente; convidar outras pessoas a participarem nos cultos e outras atividades de sua religião; possuir propriedade e quaisquer outros bens necessários à propagação de sua fé. Tal liberdade não é privilégio para ser concedido, rejeitado ou meramente tolerado — nem pelo Estado, nem por qualquer outro grupo religioso — é um direito outorgado por Deus.
Cada pessoa é livre perante Deus em todas as questões de consciência e tem o direito de abraçar ou rejeitar a religião, bem como de testemunhar sua fé religiosa, respeitando os direitos dos outros.

5. Sua Relação Para com o Estado
Tanto a igreja como o Estado são ordenados por Deus e responsáveis perante Ele. Cada um é distinto; cada um tem um propósito divino; nenhum deve transgredir os direitos do outro. Devem permanecer separados, mas igualmente manter a devida relação entre si e para com Deus. Cabe ao Estado o exercício da autoridade civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público.
A igreja é uma comunhão voluntária de cristãos, unidos, sob o domínio de Cristo, para o culto e serviço em Seu nome. O Estado não pode ignorar a soberania de Deus nem rejeitar Suas leis como a base da ordem moral e da justiça social. Os cristãos devem aceitar suas responsabilidades de sustentar o Estado e obedecer ao poder civil, de acordo com os princípios cristãos.
O Estado deve à igreja a proteção da lei e a liberdade plena, no exercício do seu ministério espiritual. A igreja deve ao Estado o reforço moral e espiritual para a lei e a ordem, bem como, a proclamação clara das verdades que fundamentam a justiça e a paz. A igreja tem a responsabilidade, tanto de orar pelo Estado, quanto de declarar o juízo divino em relação ao governo, às responsabilidades de uma cidadania autêntica e consciente, e aos direitos de todas as pessoas. A igreja deve praticar coerentemente os princípios que sustenta e que devem governar a relação entre ela e o Estado.
A igreja e o Estado são constituídos por Deus e perante Ele responsáveis. Devem permanecer distintos, mas têm a obrigação de reconhecimento e reforços mútuos, no propósito de cumprir-se a função divina.

Extraído dos princípios Batistas, publicados no Manual Básico das Igrejas Batistas Nacionais e disponível para download

terça-feira, 3 de maio de 2011

AINDA SOBRE AVIVAMENTO ... Por. Pr.Robson Alves

Muitos cristãos nos dias atuais ainda confundem avivamento com forma de culto, com liturgia animada, com coreografia e instrumental aparatoso. Todavia a Igreja que está em busca de um genuíno avivamento, precisa considerar:
Louvor não é encenação. Não é mimetismo. Não é ritualismo. Não é emocionalismo. Não é apenas seguir formas pré-estabelecidas, como bater palmas, dizer aleluia, amém e levantar as mãos. Louvor não é pululância, gingos e dança (6). Louvor que apenas levanta as mãos para o alto, mas não as estende para o necessitado não agrada a Deus. A Bíblia ordena levantar mãos santas ao Senhor, num gesto de rendição e entrega (I Tm 2.8). Louvor em que a pessoa apenas saltita e pula, mas não vive em santidade, é ofensa a Deus. Louvor que apenas verbaliza coisas bonitas para Deus, mas não leva Deus a sério na vida é fogo estranho diante do Senhor.
Louvor que não produz mudança de vida, quebrantamento, obediência e não leva as pessoas a confiarem em Deus, não é louvor, é barulho aos ouvidos de Deus. Assim diz o Senhor: "Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas liras" (Am 5.23).
Hoje estamos vivendo a época dos shows evangélicos, dos show-men, dos animadores de programas religiosos, das músicas badaladas por um ritmo sensual.
Mais do que nunca é preciso tocar a trombeta em Sião e condenar a idéia de que precisamos imitar o mundo para atrair o mundo. A música do mundo tem entrado nas igrejas, para vergonha nossa e para derrota nossa. O louvor que agrada a Deus precisa ser em espírito e em verdade. O louvor precisa ser bíblico, senão é fogo estranho. Davi, no Salmo 40, versículo 3, fala-nos sobre as balizas do louvor que agrada a Deus: "E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão estas coisa, temerão e confiarão no Senhor". Primeiro, vemos a origem deste cântico: "E me pôs nos lábios". Este louvor vem de Deus e não do homem. Segundo, vemos a natureza deste cântico: "E me pôs nos lábios um novo cântico". Não é um novo de edição, mas novo de natureza. É um cântico que expressa a marca da sua nova vida, liberta do tremendal de lama (v2). Terceiro, vemos o objetivo deste cântico: "... Um hino de louvor ao nosso Deus". Este cântico não é para entreter ou agradar o gosto e preferência das pessoas. Este cântico vem de Deus e volta para Deus. Deus é o seu alfa e o seu ômega. Quarto, vemos o resultado deste cântico: "Muitos verão estas coisas, temerão e confiarão no Senhor". O louvor bíblico leva as pessoas a temerem a Deus, a confiarem em Deus. O verdadeiro louvor leva as pessoas a se voltarem para Deus.
O louvor não é um espaço da liturgia. Louvor é a totalidade da vida. "Bendirei ao Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios" (Sl 34.1).
À luz destas coisas, é preciso dizer que avivamento não é mudança litúrgica, é mudança de vida. Avivamento não é histeria carnal, é choro pelo pecado. Deus não procura adoração. Ele procura adoradores.
Todavia, é preciso dizer que, embora o avivamento não seja mudança de liturgia, todo avivamento mexe com a liturgia. O avivamento desinstala a liturgia ritualista, cerimonialista, formalista, fria e morta e põe em seu lugar uma liturgia viva, alegre, ungida, onde há liberdade do Espírito, sem abandonar a ordem e a decência. Em épocas de avivamento, a liturgia é desingessada e o povo com alegria e liberdade do Espírito adora a Deus, em espírito e em verdade, sem regras rígidas pré-estabelecidas. Cada culto é um acontecimento singular, novo, onde há abertura para o que Deus deseja falar e fazer com o seu povo.
Hoje existem muitos cultos solenes, aparatosos, pomposos, mas estão mortos. Disse J. I. Packer no seu livro "Na Dinâmica do Espírito": "Não há nada mais solene do que um cadáver. Há cultos solenes que estão mortos". Embora o avivamento não seja mudança litúrgica, todo avivamento muda a liturgia, tornando-a bíblica, alegre, ungida, dirigida pelo Espírito de Deus. Devemos clamar como os puritanos: "Queremos liturgia pura".
Avivamento é uma obra soberana de Deus. A igreja não produz avivamentos; ela o busca e prepara seu caminho. A igreja não agenda avivamento; ela ora por ele e aguarda sua chegada. Como já disse anteriormente, avivamento não é estilo de culto, nem apenas presença de dons espirituais ou manifestações de milagres. O Salmo 85 trata desse momentoso assunto de forma esclarecedora. O salmista pergunta: “Porventura, não tornará a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?” (Sl 85.6).
1. Avivamento é uma obra de Deus na vida do seu povo. Avivamento não acontece no mundo, mas na igreja. É uma intervenção incomum de Deus na vida do seu povo, trazendo arrependimento de pecado, volta à Palavra, sede de santidade, adoração fervorosa e vida abundante. Reavivamento começa na igreja e transborda para o mundo. O juízo começa pela casa de Deus. Primeiro a igreja se volta para Deus, então, ela convoca o mundo a arrepender-se e voltar-se para Deus.
2. Avivamento é uma obra exclusiva de Deus. Os filhos de Coré clamaram a Deus por avivamento. Eles entenderam que somente Deus poderia trazer à combalida nação de Israel um tempo de restauração. Nenhum esforço humano pode produzir o vento do Espírito. Nenhuma igreja ou convenção pode gerar esse poder que opera na igreja um avivamento. Esse poder não vem da igreja; vem de Deus. Não vem do homem; emana do Espírito. Não procede da terra; é derramado do céu. Laboram em erro aqueles que confundem reavivamento com emocionalismo. Estão na contramão da verdade aqueles que interpretam as muitas novidades do mercado da fé, eivadas de doutrinas estranhas às Escrituras, como sinais de reavivamento. Não há genuína obra do Espírito contrária à verdade revelada de Deus. O Espírito Santo é o Espírito da verdade e ele guia a igreja na verdade. Jamais ocorreu qualquer reavivamento espiritual, produzido pelo Espírito de Deus, dentro de seitas heterodoxas, pois Deus não age contra si mesmo nem é inconsistente com sua própria Palavra.
3. Avivamento é uma obra extraordinária de Deus. O avivamento não é apenas uma obra de Deus, mas uma obra extraordinária. É uma manifestação incomum de Deus na vida do seu povo e através do seu povo. Deus pode fazer mais num dia de reavivamento do que nós conseguimos fazer num ano inteiro de atividades, estribados na força da carne. Quando olhamos os avivamentos nos dias dos reis Ezequias e Josias, vemos como o povo se voltou para Deus e houve júbilo e salvação. Quando contemplamos o derramamento do Espírito no Pentecostes, em Jerusalém, vemos como a mensagem de Pedro, como flecha, alcançou os corações e quase três mil pessoas se agregaram à igreja. Quando estudamos o grande reavivamento inglês, no século dezoito, com John Wesley e George Whitefield constatamos que uma nação inteira foi impactada com o evangelho. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos no século dezenove e na Coréia do Sul no século vinte. O avivamento é uma obra incomum e extraordinária de Deus e nós precisamos urgentemente buscar essa visitação poderosa do Espírito Santo na vida da igreja hoje.
4. Avivamento é uma obra repetida de Deus na história. É importante entender que o Pentecostes é um marco histórico definido na história da igreja. O Espírito Santo foi derramado para estar para sempre com a igreja e esse fato é único e irrepetível. Porém, muitas vezes e em muitos lugares, Deus visitou o seu povo com novos derramamentos do Espírito, restaurando sua igreja, soprando sobre ela um alento de vida e erguendo-a, muitas vezes, do vale da sequidão. Nós precisamos preparar o caminho do Senhor e orar com fervor e perseverança como o salmista: “Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?” O avivamento é uma promessa de Deus e uma necessidade da igreja. É tempo de clamarmos ao Senhor até que ele venha e restaure a nossa sorte!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A MAIOR DESEVANGELIZAÇÃO DO PAÍS - Por Pr. Luiz Fernando R Souza

As práticas de certos comportamentos e crenças no meio evangélico brasileiro apontam para uma doença crônica. Essa doença alastra-se chegando, na linguagem médica, a quase uma metástase óssea. Esse quadro é preocupante, para não dizer desesperador, pois, quando comportamentos e crenças viram tendências quase nada se pode fazer para reverter seus efeitos deletérios. A continuação dessa práxis religiosa tornar-se-á, historicamente, o fator mais decisivo para a maior desevangelizção do país. Tudo aquilo pelo que nossos antecessores lutaram e morreram terá sido em vão. Quando digo que essa práxis será fator decisivo para a maior desevangelização do país é porque ela está empurrando a classe media reflexiva, os intelectuais, e todos os que buscam uma fé ou uma filosofia que almeja pelo transcendente ou por paz na alma, para os braços das religiões orientais ou outras filosofias que oferecem um caminho para a pacificação do ser. Isto pode se dar pelos diversos meios propalados por tais crenças como: meditação, yoga, diversos mantras, interação corpo e mente/alma, contemplação interior etc. E isto já ocorre e não havendo mudanças drásticas/profundas evoluirá em larga escala.
A irrelevância adquirida pelos evangélicos no Brasil é espantosa, haja vista, nas grandes questões sociais a igreja não ser procurada para emitir suas opiniões. Para nossa vergonha e surpresa a psicologia ou os psicólogos estão ocupando os acentos e emitindo opiniões que deveriam ser da igreja e seus representantes, ou seja, a igreja não é vista como relevante para sociedade. Os enxertos de práticas esdrúxulas em nossas liturgias, a imitação de comportamentos e vocabulários mundanos em nossos cultos, somente afastam toda uma gama social que não busca tais coisas, pois, ainda estão preocupadas com as grandes questões da vida. Buscam respostas que pacifiquem os interiores vazios cheios dos vazios do mundo. A igreja vem oferecendo a ocuidade de um evangelho totalmente descaracterizado para este grande vazio do homem moderno. Os próprios evangélicos já buscam alternativas para esta crise existencial que grassa em seu meio. Abandonam igrejas históricas ou pentecostais e abraçam comunidades alternativas onde pensam encontrar o puro evangelho. Mas acabam caindo nas malhas de doutrinas espúrias ou líderes que se dizem messiânicos e redentores
Vivemos momentos existências que as diferenciações tendem a cair por terra. A pluralidade e a tolerância são as grandes marcas de nosso tempo. O exclusivismo perde força. Mas a mensagem do Evangelho é puramente exclusiva e é nisso que encontra sua força motriz na sociedade. Oferecer o que todos oferecem nada significa. Cristo, em sua própria constituição teantrópica, é totalmente exclusivo. Mas você pode perguntar: os evangélicos não crescem no Brasil? Sim, os evangélicos continuarão a crescer, especialmente fazendo o contraponto aos cultos afro-ameríndios, encontrando nos Neopentecostais a versão gospel da macumba, tendo como conteúdo e sistemas os mesmos adotados por esta religião. As bênçãos oferecidas trilham os mesmos caminhos e conceitos, ou seja, barganha com a divindade e bênçãos com os mesmos conteúdos e naturezas peculiares à macumba; trazer a pessoa amada de volta, conseguir empregos, prosperidade material, separar amantes e todos os fetiches oferecidos pelas religiões afro-ameríndias. No entanto, assim como já não conseguem, afastar-se-ão e deixarão completamente de ter a capacidade de alcançar os que buscam, sentem e pensam com categorias existenciais mais elaboradas.
Ora, isto está acontecendo porque os evangélicos não têm mensagem para a alma, nem para a paz interior, visto que, eles próprios, em geral, estão desassossegados e inquietos interiormente, muitas vezes manifestando comportamentos totalmente avessos ao Evangelho de Cristo. Alguns, que se dizem pastores, estão entrando em chiqueiros e comparando cristãos a porcos prometendo tirá-los de lá na sexta feira forte. Os mesmos entram na lama ofertando libertação da lama financeira, familiar etc. Cristãos que estão bêbados com profecias, revelações estapafúrdias, que preferem crer na palavra do profeta ou da profetiza do que na Palavra de Deus, manifestam distúrbios emocionais e espirituais terríveis. Mas acima dessas bizarrices gospel que nada dizem ou promovem, a não ser o descrédito do Evangelho, aprofundam o abismo entre a Palavra e o homem. O orgulho, a busca desenfreada por dinheiro, o culto à vaidade, o tratar a igreja como segmento de mercado, a vangloria, a fama, o culto à imagem e à estética preterindo a ética, a superficialidade de vida e pensamento, as divisões, os ciúmes, a picaretagem, o formalismo, a fixação em controlar as pessoas, as jogadas políticas, as negociatas envolvendo venda e compra de votos e a grotesca hipocrisia, tornaram os evangélicos repugnantes para aqueles que buscam pacificar suas guerras e fobias interiores. Isso é até repugnante para evangélicos mais sensíveis ao Cristo da Palavra.
Fico a me perguntar: Qual Cristo é pregado pela igreja? O curador? O destruidor de demônios? O Cristo eclético e pluralista?
Doí na alma saber que aquilo que pode pacificar o homem e lhe comunicar salvação está sendo deixado de lado. Doí saber que a igreja tem trocado o Senhor e Salvador Jesus Cristo por um Cristo genérico, light, desprovido de conteúdo e irrelevante. Se não ocorrer tremenda metanoia (arrependimento), a igreja terá sucumbido diante das artimanhas do diabo. Se não houver arrependimento por parte das lideranças eclesiásticas e uma volta consciente dos cristãos ao puro Evangelho, não teremos mais Evangelho a ser pregado, mas teremos outros evangelhos como o da prosperidade, da fama, dos pseudos e pequenos/anões artistas gospel, teremos o evangelho que oferece um lar aqui neste mundo e que sacrifica a eternidade no altar de Mamon, teremos um evangelho que imbeciliza e idiotiza o homem, que pratica magia e tem como recompensa as coisas desta vida.
Precisamos quebrar estas amarras doutrinárias, comportamentais e litúrgicas e fazermos um mergulho radical nas doutrinas da graça e dai emergirmos com um novo e renovado sentido profético para uma sociedade que se perde por não ter uma mensagem salvadora que preencha o grande vazio existencial e lhe comunique objetividade na vida.
A igreja precisa urgentemente imiscuir-se na sociedade e lhe proporcionar sabor e luminosidade.
Quem já provou do Evangelho salvador, imutável e transformador está pronto para levantar a bandeira do Salvador. Evangelho eterno que anuncia uma reconciliação praticada e consumada, inquebrantável e visceral que pronuncia a Paz para pacificar corações e mentes.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

AVIVAMENTO, MISTICISMO OU AVIVAMENTO MÍSTICO ? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? - Por Robson Alves

Indubitavelmente a igreja evangélica no Brasil tem experimentado um crescimento numérico, que vai além daqueles previstos pelos pesquisadores e estudiosos do fenômeno.  Não obstante a este “fenômeno” comprovado, comparando-o com outros avivamentos históricos como, por exemplo, o acontecido nos EUA com Jonathan Edwards, George Whitefield e outros, ou ainda na Europa com Philip Spener, João Wesley, os Moravios, ou porque não citar Charles G. Finney, Charles H. Spurgeon, etc. ecoa em nossa mente uma indagação: - Por que, em nossa experiência de avivamento não temos observado, o amor e a perseverança na Palavra de Deus, a perseverança na comunhão, oração, a dedicação a missões, e sobre tudo a legítima ação social promovida pela integralidade do evangelho?

Depois de prantear ao refletir sobre uma possível resposta a esta indagação, concluí:

A despeito de um grande número de pessoas estarem sendo alcançadas, a maioria delas não tem recebido um ensino consistente e sobre tudo fiel das Sagradas Escrituras. Os neófitos brasileiros estão convivendo diuturnamente com o perigo do sincretismo religioso que têm prevalecido em muitos púlpitos evangélicos país a fora, trazendo o misticismo para dentro do arraial evangélico brasileiro e consequentemente tornando o Brasil não um país “evangélico”, mas assumindo a carapuça de “místico” que sempre nos cobriu. Muitos “líderes religiosos” que agitam a “Espada do Espírito” não possuem a destreza para usá-la, carregam-Na, mas desconhecem seu conteúdo, distorcendo através de sermões equivocados a Sua mensagem. Tais “líderes religiosos” ensinam a Palavra de Deus, mas apenas para reforçar seus interesses inconfessos, e, assim fazendo não pregam a Bíblia, mas os pensamentos enganosos de seus corações.
Como resultado então deste crescimento, temos então uma verdadeira “Acromegalia” (transtorno relacionado ao gigantismo) na igreja brasileira, pois uma geração de neófitos analfabetos da Bíblia procura por milagres e coisas extraordinárias, mas não por conhecimento da Palavra de Deus, se tornam obcecadas por prosperidade e cura e não pela salvação, desejam sentir-se bem não querendo ser confrontadas pela Palavra de Deus.

O genuíno avivamento, já experimentado por alguns, levará a Igreja do Senhor a ser “melhor” do que o mundo em que ela está inserida, se a Igreja for igualzinha ao mundo, se tiver as mesmas aspirações, os mesmos desejos, ela deixará de ser o sal da terra, ela será a terra da terra e portanto será enterrada com ela pela história.

“Venha o Teu reino”.

Pr. Robson Alves

sábado, 29 de janeiro de 2011

HOMENS DE DEUS - Por: Pr. Robson Alves

Em sua primeira epístola a Timóteo no capítulo 6 vs 11-14, Paulo nos ensina que um “homem de Deus” deve ser identificado por aquilo do que “foge” por aquilo que “segue”, por aquilo pelo qual “luta” e por aquilo ao qual é “fiel”. A Bíblia aponta de maneira clara  e imperativa a necessidade de que os “homens de Deus” tenham caráter íntegro e sejam de profunda piedade. Atentando para o que Paulo descreve também em sua epistola aos Tessalonicenses (2:1-12), observamos que “homens de Deus”, precisam de uma missão concedida pelo próprio Deus (v. 1-2), de uma genuína motivação (v. 3-6) e de maneiras gentis (como mãe ou pai para seu próprio povo).

Todavia, o que temos observado, é que muitas derrotas têm abatido “homens de Deus”, porque os mesmos não têm mais fome por santidade. Infelizmente alguns estão vivendo como atores, representam diante do povo o que não vivem em seus lares ou em suas vidas privadas. Usam máscara, vivem uma mentira, pregam sem poder, pretendendo ou apresentando ser nos púlpitos aquilo que não são na realidade. É impossível ser BOCA DE DEUS e carregar ao mesmo tempo um coração entupido ou carcomido por impurezas (Jr 15:19), é impossível lidar de forma elevada e santa com as coisas espirituais e lidar de forma má e impura com as coisas terrenas.

A vida de um “homem de Deus” ao invés de repelir por seu paradoxo pragmático, precisa estabelecer uma ponte a fim de aproximar as pessoas, seu “modus vivendi” deveria encorajar as pessoas a saírem da transitoriedade, da passividade de concordar em discordar, a entregarem-se definitiva e exclusivamente a Cristo.

Infelizmente no Brasil e no mundo alguns “homens de Deus” têm caído em terríveis pecados provocando escândalos, produzindo grande sofrimento ao povo de Deus, e, afastando o evangelho do pecador. Catástrofes espirituais que vão de pastores adúlteros e mercenários à filósofos pragmáticos cujo importante não é mais  a verdade mas o que funciona, o que dá certo,  têm se tornado inaceitavelmente muito frequente.

“Homens de Deus” precisam lembrar-se de que a Palavra de Deus não pode ser mudada, atenuada ou torcida para agradar os ouvintes. Ela é imutável, e “homens de Deus” precisam pregá-la integralmente, completamente e fielmente. Nossas práticas cristãs devem ser fundamentadas na verdade, pragmatismo sem ortodoxia é misticismo, e, misticismo tem que ser rejeitado.

Um “homem de Deus” santo é uma poderosa arma nas mãos de Deus!

Pr. Robson Alves dos Santos

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A imagem do homem de Deus - Por: Abner Carneiro

No início do século XX o eminente sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) caracterizou o comportamento da sociedade ocidental moderna com o que chamou de "desencantamento do mundo". Segundo esta análise os homens agem motivados pela ação de valores e ação de fins. Na primeira o indivíduo orienta sua conduta racional para uma convicção ou valores adotados sem que isso implique, necessariamente, em ganho ou prestígio.
Na segunda o homem passa maior parte do tempo ocupado com atividades, cujos resultados esperados são os que justificam suas ações. Então o importante não são as ações em si, mas os objetivos que se esperam. Chamou de desencantamento do mundo porque a conduta motivada por finalidades acima das ações representa um caminho sem volta, sendo que a crise da sociedade moderna seria o resultado da renúncia da ação de valores.
Diante do exposto elabora-se o problema: Sendo esta uma análise sociológica e sendo os agrupamentos cristãos alvos de estudo da ciência social, pode-se perceber a ação de finalidade pressionando a ação de valores a ponto de hoje se visualizar sua maior crise? A começar pelo ministério pastoral nota-se o perigo iminente porque está cercado de uma sociedade cada vez mais secular (de século). No senso comum observa-se as pessoas mais simples renunciarem uma determinada causa humanitária; ainda que nobre, porque não envolve valor financeiro.
Infelizmente a análise teórica do sociólogo alemão parece atingir proporções imensas em nosso país. Já se vê com naturalidade igrejas e pastores almejando os resultados antes das ações. Criou-se o drástico problema da vulgarização das ações pressionadas pelos interesses. Obviamente, se fossem sempre as ações de valores que movessem líderes e cristãos, os interesses sempre seriam espirituais, piedosos e nobres. Por que não se vê mais homens como Lutero, Calvino, Samuel Rutherford, Martin Luther King, Abraham Kuyper, Francis Schaeffer, Simonton, José Manoel da Conceição (para citar alguns)? Sem dúvida, as respostas podem ser variadas.
A sociologia descarta aquele tipo de dominação carismática presente em grandes líderes dos séculos XVI até meados do século XX como transformadores da sociedade moderna e aposta em três fatores atuais que contribuem para a mudança social. Eles são: Descoberta, a Revolução Industrial, por exemplo; invenção: a divisão dos três poderes no Estado Moderno em Montesquieu, por exemplo; e a difusão: a Internet, por exemplo. Mas será preciso reconhecer que esses grandes líderes mencionados foram motivados por valores.
Suas convicções tinham base em princípios e, como era de se esperar, suas ações eram valorativas de causa. Afetos, objetivos e comportamento social visavam só a glória de Deus que, por sua vez, justificavam suas ações de forma plausível. Grande parte da crise no evangelicalismo brasileiro se explica pelos interesses de poder (político), status (financeiro) e marketing (concorrência).
O poder - com pólos densamente políticos, o status - com interesses exclusivamente materiais e o marketing - que tem se tornado a arte do "empurrômetro" do produto religioso fazendo o sagrado ter sentido pejorativo; representam as crias caçula da ação que visa interesses.
Os efeitos sobre ministérios voltados para a reflexão e pregação expositiva, por exemplo, tem sido catastróficos. A identificação com os ideais (geralmente teológicos) adotados por determinado grupo cristão costuma ter a profundidade da casca de um ovo. No mundo das ações de finalidade, quando se adere a um certo grupo, não se faz por motivação de valores, mas de interesses. Então a circulação livre de crentes pelos vários grupos evangélicos chegou no auge em nossos dias.
A equação é lastimavelmente simples: "Adiro a este grupo, mas o que ele  tem para me oferecer? Ou ainda: "O que vou ganhar com isso?"
Percebe-se ínfimo conhecimento dos postulados teológicos do grupo ao qual se adere porque não há preocupação com a "cor da bandeira", mas com o apadrinhar das necessidades. É neste rumo que redutos comunitários que exploram a "prosperidade já", "saúde física já" e "cura terapêutica já" representam um nicho promissor numa sociedade cansada e superficial.
Após estas constatações, nota-se que comportamentos generalizados com base na ética situacionista pressionam os ministérios pastorais. Não são poucos ministros que sucumbiram à regra (porque deixou de ser exceção, posto que generalizada), escondendo-se atrás da preservação da imagem.
Já que possuem uma imagem pastoral que precisa de manutenção, faz-se qualquer coisa para manter seu brilho. Há erro nisso? Não se vê erro em manter o brilho da imagem porque é a Palavra que nos recomenda. Mas a dura constatação é a de que não é a Palavra que tem norteado a imagem pastoral, mas os grupos de consumidores, embora toda generalização seja perigosa.
Ora, se ficou provado que de forma geral, o homem moderno valoriza o fim da ação, e não a ação propriamente, caindo no pragmatismo dos fins (efeitos esperados) que justificam as ações; é certo que muitos ministérios tem baixado ao nível do mero interesse e, se fazer a vontade dos consumidores significa atingir o interesse, então isso será chamado de preservação da imagem. A ótica da preservação ministerial não vem de Deus, mas dos indivíduos.
Conclui-se lançando um pensamento dialético. As regras para a contratação de obreiros no Brasil hoje têm sido pelos seus valores teológicos penosamente apreendidos e defendidos? Têm sido pela sua dominação carismática? Pela preservação e identificação da imagem biblicamente esperada do servo fiel? Pelo nome (status) adquirido, ou pela humildade e piedade cristã manifestada.

Abner Carneiro

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pr. Robson Alves - O novo de Deus chegou.

O NOVO CIRCO CHEGOU


Bom, os irmãos que me conhecem, sabem que não sou um apologista, nem tampouco tenho a pretensão de ser o dono da verdade, ou ainda, um “gosth busters”. Mas após ter recebido nesta manhã um vídeo onde um “reverendo” anunciava o “CIMENTO DA BENÇÃO” segundo ele o cimento especial da casa própria, do negócio próprio, a ser adquirido por uma “singela” oferta, decidi escrever umas poucas linhas...

Por acaso você já se deu conta que hoje parte dos evangélicos adoram uma atração extravagante? Já reparou que algumas comunidades evangélicas ficam lotadas de gente curiosa para ouvir pregadores e pregações no mínimo esquisitas?
Penso que a continuar assim logo ouviremos algumas "convocações solenes" do tipo (mais parecida com anuncio de atrações circenses):
- Venham ver a menor cantora do mundo!!
- Não deixem de assistir ao show do pregador anão!!
- Venham ouvir a menininha de 3 anos que já é pregadora!!
- Assistam ao mais novo pastor do mundo!
- Conheça o cantor fanho mais ungido do planeta!
- Venha assistir o cara que morreu com 10 facadas e ressuscitou.
- Ouça o testemunho da mulher que foi esposa de satanás, etc.
Irmãos em Cristo; Vamos combinar! A igreja de Jesus não é um circo! Chega de ouvirmos absurdos como os ensinados por falsos profetas que ao longo dos anos tem propagado doutrinas que se contrapõem em muito a ortodoxia cristã.
Confesso que estou cansado disso. Não me interessa as elucubrações nem tampouco as viagens esquizofrênicas daqueles que mercantilizam a fé, a Palavra de Deus me basta!

Há alguns anos vi um cartaz que dizia: “venham assistir a mais nova pregadora do Brasil”. Ora, o convite não se fundamentava na qualidade do pregador nem tampouco na sua homilia, ou capacidade teológica de expor a fé, mas sim no inusitado, no esdrúxulo, no aberrativo. Para piorar a situação, o tempo em que as igrejas deveriam destinar à pregação da Palavra tem sido gasto com testemunhos manipuladores e interesseiros de pessoas que se sentiram agraciadas pelo “gênio da lâmpada mágica” recebendo carros, casas e dinheiro.

Deus! Falta-me palavras para retratar minha indignação! O que fizeram do cristianismo? Que evangelho louco é esse? Ora, este não é, não foi e nunca será o Evangelho do meu Senhor.
Diante do exposto acredito piamente que os conceitos pregados pelos reformadores precisam ser resgatados e proclamados a quantos pudermos, até porque, somente assim, poderemos novamente sair deste momento preocupante e patológico da Igreja evangélica.

“Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria”
Pr. Robson Alves 
Secretario  Executivo da CBN- E/S